Oriente Médio divide potências
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Oriente Médio divide potências




Artigo publicado na Gazeta do Povo em 05 de fevereiro de 2012 com participação especial de George Sturaro, professor do Curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Curitiba.

Países do Oriente Médio envolvem interesses que vão de Pequim a Washington. Nas últimas semanas houve diversas notícias sobre sanções e resoluções contra a Síria e o Irã. Ao mesmo tempo, países que estiveram em foco no passado recente prosseguem com conflitos internos, mas sem tanta intervenção internacional. Alexsandro Pereira, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade Federal do Paraná diz que a agenda da política externa dos EUA e dos países da União Europeia se baseia em “temas de interesses específicos nas relações entre eles e o resto do mundo e direitos humanos não ocupam lugar privilegiado”. Veja algumas das posturas de grandes potências e do Brasil.


Síria
Desde que começaram, no início de 2011, os protestos contra o ditador sírio Bashar Assad – há 11 anos no poder –, mais de 5 mil pessoas morreram, segundo a ONU, nas operações de repressão do governo. A atuação da imprensa internacional foi limitada no país. O Conselho de Segurança (CS) da ONU passou a semana discutindo uma resolução com medidas apresentadas pelo Marrocos, as quais já haviam sido sugeridas pela Liga Árabe ao governo sírio e foram negadas. A proposta contempla a saída de Assad e formação de um governo transitório.

Estados Unidos
A secretária de Estado americana, Hilary Clinton, condenou a violência na Síria e disse que “O Conselho de Segurança deve agir a fim de fazer que o regime sírio saiba com clareza que a comunidade internacional considera essas ações uma ameaça à paz”. Já em maio do ano passado, os EUA impuseram sanções contra Bashar Assad, congelando bens de autoridades sírias nos EUA.

União Europeia
Reino Unido e França escreveram a resolução contra o regime de Assad que está sendo discutida no Conselho de Segurança da ONU e contaram com ajuda dos embaixadores americano, alemão, português e marroquino. A União Europeia também congelou os bens de Assad e de outros líderes sírios – muitos deles parentes do ditador – em maio do ano passado.

Rússia
Desde 2011, a Rússia vem se apresentando contra as resoluções sobre a Síria e utiliza a força do poder de veto que tem no Conselho de Segurança da ONU. Além de não estarem alinhados ideologicamente com as potências ocidentais, os russos têm interesses comerciais. A Rússia se nega a interromper a venda de armas para o governo sírio.

Brasil
Junto com África do Sul, Índia e Líbano, o Brasil se absteve durante a votação de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU sobre a violência na Síria, em outubro do ano passado. “É bom que o Brasil tenha saído do CS [em dezembro], porque teria que necessariamente se pronunciar agora”, diz George Sturaro, professor do Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba).

Irã
O governo iraniano diz que seu programa de enriquecimento de urânio têm fins pacíficos. Mas diante da suspeita de que o objetivo também é fazer armas nucleares e da ameaça de que o país dos aiatolás bloqueie o Estreito de Ormuz – uma das principais rotas do petróleo do Oriente Médio –, EUA e UE estão dando início a um embargo econômico contra o país. “Outros embargos que existiram pouco resolveram, Cuba é o principal exemplo disso”, observa Charles Pennaforte, diretor do Centro de Estudos em Geopolítica e Relações Internacionais, do Rio de Janeiro.

União Europeia
Em janeiro, os 27 países da União Europeia decidiram vetar negócios de empresas europeias com iranianos e interromper exportações de petróleo do Irã a partir do dia 1º de julho. Em resposta, Teerã ameaça parar o fornecimento imediatamente. O plano é isolar ainda mais o regime iraniano e afetar metade da arrecadação com petróleo do país.

Estados Unidos
Mesmo com a ameaça de alta nos preços do petróleo e do agravamento da crise econômica da qual ainda nem se recuperou, os EUA apoiam as medidas de embargo ao Irã adotadas pela UE. O professor Pennaforte acredita que um dos motivos para Barack Obama investir nessa briga, em ano eleitoral, é “desviar atenção do cenário interno para o externo”.

China
O governo chinês tem se oposto às medidas de países europeus contra o Irã e chegou a criticar a União Europeia. Para o professor Sturaro, a preocupação é fundamentalmente econômica “Qualquer situação que ameasse a produção de petróleo vai trazer graves problemas para a China”, diz. O país é o segundo maior consumidor do mundo da matéria prima.

Brasil
Depois de uma aproximação durante o governo Lula, o Brasil tem se distanciado do regime de Teerã e votado contra o governo iraniano no Conselho de Direitos Humanos da ONU. O porta-voz do presidente Ahmadinejad criticou Dilma Roussef no mês passado: “A presidente brasileira golpeou tudo que Lula havia feito”.

Iraque
No último mês o Iraque assistiu a diversos atentados e ao agravamento da violência no país após a saída das tropas dos EUA.

EUA
Parte do projeto norte-americano da “guerra contra o terror” foi a invasão do Iraque em 2003 para derrubar o regime autocrático de Saddam Hussein que representava uma ameaça por supostamente produzir armas químicas de destruição em massa, o que não foi confirmado. A presença dos militares estrangeiros no país durou até o fim do ano passado. Após a retirada das tropas em dezembro de 2011, tiveram início os conflitos internos.

Afeganistão
Após dez anos ocupado por tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o Afeganistão tem a perspectiva de ver os militares se retirarem até 2014. A “guerra contra o terror”, liderada pelos EUA, tinha objetivo de capturar Osama Bin-Laden e integrantes da Al-Qaeda. A França tentou antecipar a retirada após quatro soldados franceses morrerem em território afegão em janeiro.

Paquistão
A presença do grupo Taleban na fronteira do Paquistão com o Afeganistão gera conflitos entre soldados do governo e integrantes do grupo fundamentalista. Mas um relatório da Otan apontou que o governo paquistanês estaria ajudando o Taleban. O país foi o local onde Osama Bin-Laden morreu, em 2011, durante um ataque de tropas americanas, sem autorização do governo paquistanês.

Egito
Manifestações da Primavera Árabe conseguiram derrubar o ditador Hosni Mubarak há um ano, mas não garantiram paz ao Egito. Na quarta-feira, um confronto após um jogo de futebol que deixou 74 mortos. A junta militar que governa o país prometeu punir os envolvidos, mas população foi às ruas se manifestar contra o governo provisório e mais confrontos violentos estão ocorrendo.

Líbia
A Primavera Árabe na Líbia tinham o objetivo de derrubar o ditador Muamar Kadafi, mas foi a intervenção estrangeira, especialmente de França, Itália e Inglaterra - ao enviar armamentos aos rebeldes e bombardear a Líbia – que levou ao fim do regime. Segundo a ONU, agora o país passa por um delicado processo de transição, com problemas de segurança e ausência de partidos políticos.
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Artigo disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/conteudo.phtml?tl=1&id=1220296&tit=Oriente-Medio-divide-potencias




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