2001-2011: uma década de crise
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2001-2011: uma década de crise




11 de setembro

Quando o mundo assistiu atônito aos ataques ao World Trade Center e ao Pentágono a conclusão imediata foi a de que nada seria como antes; afinal era a primeira vez que os Estados Unidos eram atacados em seu território e um dos símbolos do capitalismo ruía. Muitas análises se sucederam a esses acontecimentos, mas havia um coro quase unânime de que uma nova fase das relações internacionais se iniciava; do ponto de vista econômico a maioria dos analistas também previa que a estrutura da economia mundial seria atingida e seus reflexos se prolongariam por anos.
 

Passados dez anos e munidos da distância temporal que permite análises menos emocionais, que conclusão podemos tirar sobre os impactos, em especial econômicos, o 11 de setembro teve sobre a economia mundial?
Retrocedendo para o imediato pós-11 de setembro, o que se observou foi forte desaceleração econômica nos Estados Unidos, com fortes impactos nas taxas de desemprego, investimento direto e consumo (agravado pelo fato de que a economia estadunidense já em 2000, no governo Clinton, apresentava sinais de desaceleração).  A resposta do governo Bush à crise que se instaurara foi agressiva política fiscal e monetária: o governo reduziu impostos e o FED (Federal Reserve) – banco central estadunidense – manteve a taxa básica de juros a 1% ao ano. Tais medidas objetivavam alavancar o aumento da demanda agregada via aumento do consumo privado e público e se refletiu em imediata melhora nos principais índices econômicos do governo.
O que parecia a solução óbvia e bem sucedida hoje desperta fortes questionamentos sobre os efeitos imediatos de tais medidas, mas principalmente sobre a influência que a combinação de políticas monetária e fiscal expansionistas tiveram sobre a crise do sub-prime, a crise econômica de 2008 e todo o cenário de recessão que se observa hoje, em especial  nas economias desenvolvidas.
Embora tais medidas realmente tenham atingido seus propósitos mais instantâneos,  com juros mais baixos, abundante oferta de crédito, estímulo ao consumo, negligência da evolução do endividamento das famílias, é fato que a mudança na política econômica teve relevante contribuição para o cenário de turbulência na economia mundial, em especial dos Estados Unidos, durante esta década.
Em sua batalha contra a crise de confiança decorrente dos acontecimentos do dia 11 de setembro, o então presidente do FED, Alain Greespan promoveu essa fartura de crédito e injetou bilhões de dólares no setor imobiliário, dado seu importante efeito multiplicador sobre a economia: a rápida resposta a estímulos e a forte capacidade de geração de emprego e renda. Com a abundância de crédito, muitos compraram casas com financiamentos a juros baixos, comprometendo parcelas extremamente elevadas de sua renda, colocando imóveis como garantia e procurando opções mais rentáveis de investimentos como ações; o sistema inflava e com isso, o risco crescia.
O final dessa história todos conhecem: aumento dos juros, queda vertiginosa no preço dos imóveis, inadimplência e uma crise em efeito dominó no sistema financeiro sem precedentes.
O que a próxima década nos reserva? O que se vê hoje é que a economia mais poderosa do mundo ainda sofre com os efeitos de 2008 e patina sobre resultados econômicos pífios. A Europa vive uma crise sem precedentes, principalmente considerando o período pós União Européia. Cabe, talvez a país como China, Índia e Brasil um novo papel no cenário econômico internacional. Resta saber: estamos preparados?

Patricia Tendolini é professora de Economia do Unicuritiba



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