WikiLeaks e o poder da mídia
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WikiLeaks e o poder da mídia


(Texto publicado originalmente no periódico online O Estado RJ, em dezembro de 2010)

Vazamentos recentes de documentos diplomáticos e militares dos Estados Unidos pelo portal WikiLeaks demonstraram a fragilidade da segurança norte-americana e provocaram “saias-justas” entre alguns países. Questiona-se a influência da mídia sobre a divulgação de decisões político-diplomáticas e sobre até que ponto deve haver transparência governamental. A Secretária de Estado norte-americana do Governo Clinton, Madeleine Albright, afirmara durante sua gestão que a mídia (no caso, a CNN) era o quarto poder.

O premier russo Vladimir Putin questionou a prisão de Julian Assange durante uma coletiva de imprensa: “se falamos de democracia, é necessário que seja total. Isso é democracia?”. Gestos de solidariedade ao fundador do WikiLeaks também partiram do presidente Lula, que criticou a imprensa brasileira por não defender Assange e a liberdade de expressão. Lula afirmou que quem deveria ser punido era o responsável pela cópia das informações sigilosas entregue ao WiliLeaks. Alguns especialistas afirmam que conversas confidenciais são essenciais para promover o sentimento de segurança nas negociações diplomáticas; outros defendem a transparência ao longo das conversas, o que pode não ser benéfico para estrategistas.

Conversas sigilosas entre países não são novidade: um dos aspectos para o desencadeamento da Primeira Guerra Mundial foi a chamada “diplomacia secreta”, uma prática de acordos bilaterais de defesa idênticos entre um Estado e outros países inimigos entre si. Ao fim do conflito, o então presidente norte-americano Woodrow Wilson exigiu o término da diplomacia secreta, que não surtiu resultados, já que pactos sigilosos foram realizados ao longo da Segunda Grande Guerra, como o Ribbentrop-Molotov (Teuto-Soviético).

Atualmente, todos se perguntam até que ponto a transparência pode ser benéfica. A democracia deveria ser relativa ou absoluta? Nada impede que haja transparência e participação da sociedade, além da divulgação pela mídia, em diálogos internacionais, o que contém importante significado. É indispensável que haja democracia. Mas, também é preciso haver preservação dos Estados.

No caso das relações Brasil-Estados Unidos, não houve abalos aparentes apesar de sentirmos um “impacto” inicial. O que pensamos a respeito deles e eles de nós é o valor de uma cultura implícita e repleta de percepções de geopolítica. O que não significa que sejamos antiamericanos, mas apenas pragmáticos na defesa de nossos interesses.


Alessandra Baldner



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