Jonas Pereira /Agência Senado
Em reunião na tarde desta quinta-feira (12), o  presidente do Senado, Renan Calheiros, passou a condução do processo de  impeachment para o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo  Lewandowski. A cerimônia ocorreu na Sala da Presidência do Senado, com a  presença de lideranças partidárias e membros da Comissão Especial de  Impeachment.
Renan informou que uma sala da vice-presidência do Senado foi cedida  para Lewandowski e que dará “todo apoio” a seu trabalho. Para ele, a  presença do ministro é forma de garantir a isenção e a independência do  julgamento da presidente afastada, Dilma Rousseff, no Senado. Ele  acrescentou que questões como prazos e recursos serão decididas pela  Comissão do Impeachment e pelo presidente Lewandowski. Renan confirmou,  no entanto, que o recesso de julho deve ser suspenso, para “agilizar a  atividade processante” do Senado.
— Estamos felizes com a vinda de Lewandowski. É um mando  constitucional — afirmou Renan, destacando que se sentia aliviado com a  transferência da direção do impeachment para o presidente do STF.
Em relação ao presidente interino, Michel Temer, Renan disse que terá  uma relação de independência, isenção e de harmonia, da mesma forma  como foi com Dilma. Ele disse que não há data para um encontro com  Temer, mas prometeu que vai entrar em contato com representantes do novo  governo e com as lideranças do Senado para atualizar a agenda  legislativa prioritária.
— O Brasil não pode esperar. O impeachment por si só não vai resolver  a intrincada situação nacional. Eu farei o que for possível para a  ajudar o Brasil — declarou.
Juízes
O primeiro ato de Lewandowski na direção do processo de impeachment  foi assinar o mandato de citação para a presidente Dilma Rousseff, que  terá até 20 dias para se defender. O presidente do STF explicou que  haverá uma fase na comissão e outra no Plenário, “que será a fase do  julgamento propriamente dito”.
O procedimento da segunda fase, de acordo com Lewandowski, se  assemelha muito a um julgamento de júri. Será o momento em que haverá  inquirição de testemunhas, debates entre acusação e defesa e,  finalmente, o voto dos senadores. Lewandowski também destacou que não  pretende exercer nenhum "protagonismo político" nesse segundo momento.
— Minha função será de coordenador do processo. Os juízes são os senadores.
O ministro ressaltou que durante o processo será seguido o rito de 1992, no impeachment de Fernando Collor de Mello.
— É uma trilha que devemos seguir — adiantou.
Expectativa
O senador Raimundo Lira (PMDB-PB) informou que a Comissão Especial de  Impeachment passa a se chamar agora Comissão Especial Processante. Como  presidente, Lira disse que já na próxima semana deve ter reuniões de  trabalho com o relator, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). E  acrescentou que está marcada uma reunião com Lewandowski no STF, na  terça-feira (17), às 16h.
— Temos até 180 dias, mas eu tenho dito que nós não temos a intenção  de usar todo esse prazo, porque criaria uma expectativa na população  brasileira. Por outro lado, não vamos acelerar nem encurtar o prazo a  ponto de prejudicar a ampla defesa dos acusados — declarou Lira.
                (Fonte da Agência Senado)