Não viva no futuro!
Mundão

Não viva no futuro!


Trabalho desenvolvido na disciplina de Análise das Relações Internacionais sob orientação da Professora Jaqueline Ganzert, em que todos foram convidados a escrever análises satíricas sobre períodos históricos. Em votações "as cegas" nas turmas, os textos foram selecionados para o blog.


*Alisson Felipe Milski Ossachuk

Querido professor Brown temos um problema sério, estou nesse lugar há algum tempo e temo que o Delorean esteja com algum problema, o indicador aponta que estou no ano de 2015, mas a realidade aqui é bem diferente do “futuro” que imaginava. Possivelmente estou em um universo paralelo, onde o mundo parece estar repleto de pessoas que fazem o Biff Tanner parecer um bom sujeito.
Primeiramente, a tal “energia renovável” para os meios de transporte está longe de ser uma realidade efetiva, a velha e poluente gasolina ainda é a principal fonte de combustível. O que gera grandes preocupações, mas considerando que tal indústria movimenta uma quantidade massiva de dinheiro, a ideia de energia renovável é sempre a última a ser colocada em pauta.
Outra coisa que me preocupa é como o meio ambiente é tratado, algumas instituições até tentam exercer algum tipo de ação de preservação, mas na maioria das vezes são suprimidas pelas multinacionais que buscam loucamente o aumento de seu faturamento. A biodiversidade tem sido destruída, espécies de animais têm sumido, arvores tem sido derrubadas com a velha justificativa do “progresso”, o que me leva a uma pergunta progresso para quem?  Isso seria mais uma enganação, para que alguns possam ficar cada vez mais ricos?
Mas agora realmente o que mais me espantou nesse futuro foi o estado de letargia em que se encontram as pessoas, parece difícil de acreditar, mas nesse futuro elas mal falam umas com as outras.
O senhor possivelmente se lembra daquela tal “internet” que prometia o acesso a informação de forma rápida e eficaz, bom, de fato ela atendeu a o que prometia, mas trouxe consigo uma série de problemas. Primeiramente o que serviria de fonte de conhecimento se tornou uma fonte de alienação, onde qualquer verdade jogada na rede se torna absoluta e inquestionável. As pessoas, aparentemente, desaprenderam o real significado da palavra “aprender”, pois com o advindo da internet o acesso ao “conhecimento” se tornou muito mais fácil, mas esse conhecimento não é usado da forma correta. Além do mais a internet construiu uma geração imediatista que não sabe lidar com a espera.
Observei também que essa geração tem sérios problemas em lidar com o pensamento opostos, o que gera discussões sem fundamentação alguma. A internet criou “filósofos” por toda a parte, ensinando e influenciando diversas pessoas, que tomam a verdade como absoluta sem pretensão nenhuma de verificar a procedência das informações.
Às vezes, professor, tenho a impressão de que a tecnologia atrapalhou essas pessoas, pois transformou-os em seres incomunicáveis e arrogantes. Sinto falta do passado, pois mesmo com o nosso relativo “atraso” tecnológico, o ser humano não se encontrava em tamanho nível de egoísmo.
A política por aqui anda uma bagunça, os partidos segmentam a população em apenas dois grupos e os que se opõe a ambos sofrem com a condenação de não se encaixarem.
Confesso que fiquei profundamente desapontado com o futuro, os seres humanos aqui possuem um pensamento retrogrado, onde seu bem-estar se coloca acima dos interesses alheios. Em todos os aspectos a evolução parece ter parado, com uma geração preguiçosa, que não assume compromisso com nada.
Em resumo, as coisas andam desanimadoras aqui no futuro e todos os dias torço para que esse seja apenas um universo paralelo, que nosso futuro possa ser diferente, que possamos aprender com erros que cometem aqui e que possamos construir um futuro digno.
Espero que possamos nos encontrar em breve meu amigo, em um passado que infelizmente é mais animador do que esse futuro no qual me encontro.

           Um grande abraço.      
                                        Marty Mcfly


Alisson Felipe Milski Ossachukz é graduando do 5° período curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.
** FONTE da imagem: El País Brasil



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