Emprego e desigualdade
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Emprego e desigualdade


Momentos de forte crise como o atual em que a principal economia do mundo é colocada em xeque sempre nos remetem à questão: estamos preparados? Vamos continuar crescendo? Como tudo isso afetará nossa economia?

Essas perguntas poderiam ser respondidas avaliando-se a variação do Ibovespa, a evolução do risco país, o nível de reservas que o país possui e questões similares, pretendendo-se analisar o chamado contágio sobre nossa economia. Entretanto, estar preparado vai além de meras questões financeiras de curto prazo. Estar preparado também significa refletir sobre nosso estágio de desenvolvimento e as perspectivas futuras; e não digo o futuro “Copa do Mundo” ou “Olimpíadas”, refiro-me ao futuro como o país que deixaremos para nossos filhos.
Em sua obra Em busca de novo modelo, Celso Furtado afirma que “o desenvolvimento só existe quando a população em seu conjunto é beneficiada”, transmitindo, portanto a idéia de que o desenvolvimento seria um crescimento com industrialização e distribuição de renda.
No início do mês de agosto, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou um estudo (www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/comunicado/110804_comunicadoipea104.pdf) que aponta concentração de novos empregos em faixa de baixa remuneração, ou seja, embora a economia venha crescendo a renda não está sendo distribuída de forma adequada.
Fazendo uma análise otimista do estudo, na primeira década do século, foram gerados mais postos de trabalho do que em qualquer outro período nas ultimas cinco décadas. Entretanto, 95% dos novos postos tinham remuneração de até 1,5 salários mínimos; por outro lado, no mesmo período, foram eliminadas 397 mil vagas com salários de três salários mínimos ou mais. Esse fenômeno estaria ligado à mudança na estrutura da produção: as novas vagas criadas se concentraram no setor de serviços, cuja remuneração é mais baixa. O atenuante é a política de valorização real do salário mínimo, sistematicamente adotada nos governos Lula e FHC; com a ampliação do número de postos de trabalho com salário em torno do mínimo, muitos trabalhadores saíram da pobreza e passaram ao nível inferior da pirâmide ocupacional.  
Apesar dos atenuantes, os dados mostram que a economia cresce, mas não distribui renda. Voltamos, portanto à questão já abordada aqui nesse espaço: educação e capacitação.
Que país queremos deixar para nossos filhos? A resposta passa pela discussão da educação hoje e não daqui a trinta anos. Com crise ou sem crise essas questões não podem ser subestimadas e deixadas para segundo plano. Sem nenhum (nenhum mesmo) ufanismo, disso depende o futuro de nosso país.

Patricia Tendolini é professora de Economia do Unicuritiba.



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