A REALIDADE DA POBREZA BRASILEIRA
Mundão

A REALIDADE DA POBREZA BRASILEIRA


Juliana Pimentel Lago
Sthefani Michels Palha Fantinato



O Brasil possui um dos mais elevados graus de iniqüidade no mundo: comparado a cerca de 120 países (que contêm informações sobre grau de desigualdade), menos de 10% tem a desigualdade maior que a nossa.
Entretanto, quando se nota a distribuição acumulada da renda per capita, mais de 80% dos países tem desempenho inferior ao do Brasil. Assim o Brasil não é exatamente um país pobre, mas com muitos pobres; conseqüência da má distribuição de renda.



Entre 1960 e 1970, havia dois debates sobre a desigualdade no Brasil: de um lado aqueles que apontavam a educação (ou a falta dela) como a causa da desigualdade; a outra visão recorria a uma perspectiva estruturalista (teoria de mercados internos de trabalho) e defendiam a causalidade no sentido inverso. Por falta de dados, o debate se tornou ideológico, mas foi o início de uma preocupação com a distribuição de renda e a valorização das informações.
Nos anos 80, a preocupação era com as origens da desigualdade, que foi analisada pela interação do funcionamento do mercado de trabalho com desigualdades sociais preexistentes, sendo o trabalho um gerador ou como revelador de desigualdade. A educação aparece como a maior explicação para o grau de desigualdade na distribuição de renda e no rendimento no trabalho.
Barros e Mendonça (2005) mostram que o nível médio de renda aumentou 25% de 1960 para 1970, equivalendo a um crescimento anual de 2,2%. Mesmo com o crescimento, houve um aumento no grau de desigualdade: a razão entre a média do décimo superior e a dos 40% mais pobres, subiu de 13,7 para 18,6, sendo assim, o crescimento foi mal distribuído. Os 10% mais ricos da população foram os que mais se beneficiaram: a parcela apropriada por eles foi de 39,7% para 46,5%.
A década de 70 (englobando o Milagre Econômico) se caracterizou por um enorme crescimento econômico: o nível médio de renda aumentou 97% da década de 70 para a de 80, sendo uma taxa anual de crescimento de 7%. Nesse grande crescimento, houve um pequeno aumento na desigualdade, a fração da renda apropriada pelos 10% mais ricos aumentou 1,4 pontos percentuais, chegando a 47,9%, enquanto o que ficou para os mais pobres foi de 40% para 9,7%.
 A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio PNAD, conduzida com o censo do IBGE, mostra que entre 1981-2002 houve um aumento na renda média de 25% e que o crescimento foi instável, com poucos momentos de progresso, mas com destaque para os anos de 1986, ano do Plano Cruzado, e em 1994, ano do Plano Real.
Nos anos 80, a fração da renda apropriada pelos 10% mais ricos aumentou quase três pontos percentuais, isso é, de 46,5 para 49,0%, e para os 40% mais pobres teve um declínio de 1,4 pontos percentuais, de 8,7 para 7,3%. O pequeno crescimento foi desigualmente distribuído, constando que os ricos aumentaram 1,8% sua renda média e os 10% mais pobres tiveram sua renda reduzida a 1,7%.
A década de 1990 caracteriza-se por um maior crescimento econômico, com renda média de 31% de 92 para 2002, equivalendo a uma taxa anual de 2,7%, e nesse período houve um pequeno aumento na desigualdade social. Os 10% mais ricos tiveram na renda de 45,8 para 47,1%, tendo uma estabilidade de 8% na porção da renda total dos 40% mais pobres.
Na década de 1990, começou a se ver uma redução da pobreza e aumento de renda média, após a implantação do Plano Real, mas essa percentual não diminui o número de pessoas pobres, uma vez que com o aumento populacional a população pobre aumentou em oito milhões.
A desigualdade no Brasil vem de muitos anos e foi causada principalmente pela desigualdade dos níveis de escolaridade: a educação corresponde a cerca de dois terços de toda a fonte de desigualdade. A educação foi deixada de lado, piorando a qualidade de ensino; mas muitos políticos não se importam com este quadro, pois uma população bem instruída cobra mais e não é facilmente enganada.
Além da educação, para a melhoria da qualidade de vida, seriam  necessários investimentos em outras áreas, como habitação, saúde pública, entre outras. O Brasil vem cada vez mais se destacado economicamente no cenário internacional, é um país com muita riqueza, mas a maior parte da população ganha pouquíssimo dinheiro enquanto outros ganham salários absurdamente altos.
Reduzir a pobreza e conseqüentemente a desigualdade é o grande desafio da política social brasileira. Existem diversas maneiras para implementar esta política, passando pela transferência de renda para as famílias mais pobres no curto prazo e também pelo investimento nas várias formas de desenvolvimento da capacitação das novas gerações (nutrição, saúde, educação, entre outros), principalmente entre parte da população que é mais atingida pela pobreza e pela exclusão social. A tarefa é difícil, mas como o problema do Brasil não está na escassez de recursos, mas sim na sua injusta repartição, teremos que esperar a boa vontade dos governantes municipais, estaduais e federais repassarem a verba total às suas cidades e de forma igualitária. Somente assim é possível pensar em um Brasil sem rótulos e estereótipos de pobreza e realmente rumo ao progresso e ao ‘’primeiro mundo’’.

Juliana Pimentel Lago e Sthefani Michels Palha Fantinato são estudantes do sexto período do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.

BIBLIOGRAFIA

GIAMBIAGI, Fábio; VILLELA André. Economia brasileira contemporânea (1945 - 2004). São Paulo: Campus, 2005. Cap. 14.

Site do IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home>. Acesso em: 08 nov. 2011.



loading...

- Emprego E Desigualdade
Momentos de forte crise como o atual em que a principal economia do mundo é colocada em xeque sempre nos remetem à questão: estamos preparados? Vamos continuar crescendo? Como tudo isso afetará nossa economia? Essas perguntas poderiam ser respondidas...

- Refexões Sobre Os Impactos Dos Gastos Públicos Com Educação
Patricia Tendolini Oliveira de Melo Recentemente, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) divulgou os resultados de uma pesquisa sobre os impactos dos gastos sociais sobre o PIB (http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/comunicado/110203_comunicadoipea75.pdf)....

- Endividamento Das Famílias Chegou A 46% Em Abril E Quebrou Recorde, Segundo Banco Central
O endividamento das famílias quebrou novo recorde em abril, quando subiu de 46,2% para 46,3%. O índice, mensurado em relação à renda anual, é o maior já registrado pelo Banco Central desde quando a autarquia começou a registrar os dados, há...

- Inadimplência No Minha Casa Minha Vida Aumenta Em Maio
A inadimplência no programa Minha Casa Minha Vida tem aumentado nos últimos meses, de acordo com dados do Ministério das Cidades. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, atrasos de mais de 90 dias, quando o cliente já é considerado inadimplente,...

- Para Dilma, Crise Afetou Profundamente O Brasil
A presidente Dilma Rousseff admitiu que a crise internacional afetou profundamente o Brasil e que a recuperação mundial ainda é "tênue", o que irá exigir mais esforços da região para garantir a manutenção dos ganhos sociais obtidos nos últimos...



Mundão








.