Crescimento e emprego
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Crescimento e emprego





Em 2010 a economia brasileira cresceu 7,5% e houve a geração de 2,5 milhões de novos empregos formais. Olhados de forma isolada, os dados geram certo otimismo; entretanto, considerando-se nossa queda de PIB em 2009 e o desempenho de outros países dos BRICS (em 2010 o crescimento do PIB chinês foi superior a 10%) não são números dignos de comemoração).  Além do crescimento em si, é importante avaliar e refletir sobre os efeitos desse crescimento sobre o mercado de trabalho brasileiro, em especial sobre o gargalo de mão de obra que começa se formar em determinados setores e regiões.

Estudo divulgado pelo IPEA  (http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/comunicado/110428_comunicadoipea89.pdf) aponta certos sinais de escassez setorial e localizada regionalmente de mão de obra qualificada. Em 2011 espera-se um crescimento do PIB próximo de 4,5% (isso, obviamente, muito dependente das medidas antiinflacionárias já adotadas e que certamente ainda virão do governo Dilma) o que traz direta e indiretamente impactos bastante relevantes sobre o comportamento do mercado de trabalho brasileiro. Segundo o estudo, “os sinais de escassez de mão de obra qualificada e com experiência profissional deverão continuar se manifestando, cada vez em maior escala, especialmente em setores econômicos específicos e em determinadas localidades do país.”
Com relação à região sul, por exemplo, projetam-se evidentes problemas de escassez de mão de obra com qualificação e experiência profissional nos seguintes setores: comércio e reparação, indústria e transporte, armazenagem e comunicação.
Apesar disso, no geral o país continua com desemprego – excedente de mão de obra – uma vez que a demanda por mão de obra estimada é de 21 milhões de ocupações, enquanto a oferta é de 28 milhões.
Somando-se aos seculares problemas de energia e transportes, evidenciados nos últimos meses em função da realização da Copa do Mundo no Brasil, nesse estudo revela-se mais um gargalo produtivo: o da mão de obra. Enquanto em alguns setores sobram trabalhadores (desqualificados), em outros os trabalhadores se mostram cada vez mais escassos, inflacionando os salários e revelando mais uma vez nosso clássico (e já discutido aqui) problema com a educação.
Só para exemplificar, há algum tempo a revista Veja divulgou uma reportagem onde apurou que com a mesma escolaridade do coreano, o operário brasileiro tem dificuldade de aprendizado e apresenta rendimento inferior; e ainda, 95% dos universitários que buscam emprego na rede FNAC são rejeitados devido ao baixo nível cultural. É isso mesmo... universitários rejeitados pelo baixo nível cultural.
Não bastassem todos os problemas sociais e econômicos gerados pelo desemprego, o que se percebe é certa elitização até mesmo na geração dos empregos: os novos postos de trabalho gerados por essa nova economia globalizada muitas vezes só são acessíveis por aqueles que receberam a melhor educação, ou seja, pelos mais ricos. Decorre disso que talvez estejamos presenciando um novo processo de concentração de renda, pela educação e pelo emprego.
Cega pela visão de curto prazo, nossa sociedade se deixa iludir muito facilmente por resultados imediatos; entretanto, ao esmiuçar alguns dados, como do emprego, por exemplo, percebe-se  que nossos problemas vão muito além do que apenas crescer. É preciso também desenvolver.

Patricia Tendolini é professora de economia do UNICURITIBA



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