Angola e a Liderança de José Eduardo dos Santos
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Angola e a Liderança de José Eduardo dos Santos



Por: Belarmino Van-Dúnem

O Presidente da República e eleito, Engenheiro José Eduardo dos Santos, é um líder que tem sabido dirigir o país, adaptando-se a conjuntura. As situações que se apresentaram ao longo da sua liderança foram de adversidade, mas o seu carácter carismático permitiu a continuidade da Nação fundada sob a inspiração dos ideais do Primeiro Presidente da República de Angola, Dr. António Agostinho Neto.

O primeiro constrangimento enfrentado pelo Presidente, José Eduardo dos Santos, foi a sucessão do Presidente Neto. Sobre esse aspecto, o discurso de tomada de posse de José Eduardo dos Santos, reflecte bem o constrangimento "não é uma substituição fácil, nem tão pouco me parece uma substituição possível. É apenas uma substituição necessária".

A conjuntura interna e internacional não eram das melhores, Angola sofria a agressão externa do regime do Apartheid, os países limítrofes eram pouco cooperantes: o Zaire de Mobutu, o Congo Brazaville de Pascal Lissouba e a Zâmbia de Keneth Kaunda e posteriormente de Frederick Chiluba. O ambiente era hostil e a rebelião da UNITA parecia ganhar terreno.

Por outro lado, a década de 80 do século passado, se caracterizou por um abrandamento das acções directas dos protagonistas da Guerra Fria. A acção dos EUA e da ex-URSS passou a ser de baixa intensidade e por procuração, ou seja, incentivavam outros actores a fazer a guerra em seu nome. Dando, para esse fim, largas somas e material bélico, assim como assessores que treinavam os principais protagonistas da guerra.

No trecho do discurso proferido no dia Internacional do Trabalhador, em Luanda no ano de 1981, o Presidente José Eduardo dos Santos afirmou: " Os carcamanos Sul-africanos, que passaram a ser nossos inimigos directos, herdaram dos colonialistas portugueses a UNITA e transformaram-na em seu instrumento dócil para apoiar as acções contra o nosso povo. As mesmas potências ocidentais que ontem apoiaram o colonialismo português são as que têm maior interesses económicos e financeiros na Namíbia e na África do Sul. De entre elas destaca-se o imperialismo americano, que prepara planos macabros para apoiar a África do Sul e os seus lacaios na sua política belicista de terror contra RPA".

Os angolanos sentiam as consequências nefastas da guerra, mas parte da solução do conflito interno estava fora das fronteiras nacionais. A criação de uma conjuntura externa favorável, sobretudo a nível dos países limítrofes era fundamental. É nesse aspecto onde a visão e perspicácia do Presidente, José Eduardo dos Santos, foi fundamental.

Os líderes moldam a forma como é feita a política externa. A racionalidade procedimental, baseada numa visão da política internacional, com cálculos ponderados, fazendo a análise dos custos e do curso que os acontecimentos podiam tomar. As alternativas foram sempre levadas em conta, desde das parcerias locais, até a aproximação aos antigos adversários, o mais importante era o alcance da paz e do bem-estar dos angolanos e angolanas.

O líder carismático é aquele que consegue criar sinergias a sua volta, influência os outros, faz com estes tenham incentivos às suas motivações e os habilita para que os objectivos do grupo sejam atingidos com eficiência e eficácia. Nesse aspecto não existem dúvidas que José Eduardo dos Santos teve um papel fundamental e indelével no curso da história angolana.

A persistência e consistência da política externa angolana levaram ao fim do Apartheid na África do Sul e a consequente independência da Namíbia. Os países vizinhos foram influenciados de maneira a ter uma política de boa vizinhança e pacífica. Os EUA transformaram-se em parceiro e com eles o resto do Ocidente.

A nível interno se ensaiou as primeiras eleições em 1992, o resultado escreveu uma das páginas mais negras da história do povo angolano. O conflito de baixa intensidade passou a desenrolar-se nas cidades, uma grande parte das infra-estruturas acabou por desaparecer. O fim da guerra transformou e centralizou todos objectivos do governo liderado por José Eduardo dos Santos.

A conjuntura externa já não favorecia a UNITA belicista, pelo que as manobras da guerrilha eram cada vez mais apertadas. Até que em 2002, Jonas Savimbi perdeu a vida em combate, deixado os seus seguidores numa fragilidade incontestável.
Foi nesse aspecto onde o génio da liderança do Presidente, José Eduardo dos Santos, veio, mais uma vez, a superfície. Ao invés de dar o golpe final, deu a mão, quando poderia consolidar o seu poder e do MPLA, integrou os antigos adversários nas instituições e na sociedade Angola. Trocou a tranquilidade da ausência pela companhia da competição política



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