A aprovação da emenda que vinculou a política de valorização do salário mínimo à Previdência Social contou com ampla traição entre os partidos da base aliada, que ignoraram os apelos do Palácio do Planalto para que o dispositivo fosse barrado. Levantamento da votação que culminou com a derrota do governo mostra defecções em bancadas como PMDB, PP, PR, além do próprio PT. Partido com o maior número de integrantes envolvidos no escândalo da Lava Jato, o PP foi o mais infiel: dos 29 votantes, 19 deputados se manifestaram contra os interesses do Executivo. O PP controla hoje o Ministério da Integração Nacional e foi recentemente contemplada com o comando da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Além do mais, a legenda acertou com a articulação política da presidente Dilma Rousseff que ampliará seu espaço na Caixa Econômica Federal. O PMDB, partido que chefia as duas Casas do Congresso e que tem a vice-presidência da República, também registrou dissidências, embora em menor grau. Foram 12 votos pela aprovação da emenda, entre 52 votantes. As dissidências ocorreram mesmo após declarações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que disse que não era hora de analisar esse tipo de indexação. O próprio PT, que, embora na Presidência da República, vive sua maior crise interna, reconhecida inclusive pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não conseguiu consolidar apoio à presidente Dilma. Os deputados Weliton Prado (MG) e Luizianne Lins (CE) ajudaram aprovar a emenda. Assis do Couto (PR), por outro lado, se absteve. Mas houve outros 12 deputados petistas que não compareceram à sessão, o que enfraquece a posição do governo em Plenário. Já o PSD rachou ao meio: 13 deputados traíram o governo e 14 seguiram a orientação da equipe econômica.