Terremoto no Japão - Parte I: Impactos humanos e políticos
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Terremoto no Japão - Parte I: Impactos humanos e políticos


Gustavo Tetsuo Hirata Yendo

No dia 11 de março de 2011, um dos maiores terremotos da história atingiu o Japão, seguido de gigantescos tsunamis – ondas gigantes – que atingiram parte da costa do país. Enquanto imagens de destruição e desolamento, infelizmente já comuns e rotineiras aos olhos das pessoas ao redor do globo, percorriam os principais canais de comunicação pelo mundo, a avaria causada na usina nuclear de Fukushima Daiichi, que pode ter causado um vazamento radioativo, desviou o foco da atenção de autoridades – nacionais e internacionais, de ambientalistas, da imprensa mundial, e da própria população japonesa, da questão política e humanitária envolvida pelo desastre.

Sem desconsiderar a importância da problemática nuclear, ambiental e econômica que o país sofre e que deve perdurar pelos próximos anos (e até décadas), cumpre observar em que medida a sociedade japonesa irá se adaptar para adotar medidas de transformação que serão necessárias para reconstruir o país.
De fato, é de se admirar a estrutura – governamental, organizacional, infra-estrutural, física e até mental – que o japonês tem em se preparar para desastres naturais deste porte que, desde a existência do mundo, tem castigado os arquipélagos da região. Mais ainda notável (e invejável, por certos países) foi a capacidade geral que o país tem em suportar, reconfigurar, e superar os efeitos da catástrofe, sobretudo os causados pelo monstruoso terremoto. O não acontecimento de grandes saques e a organização e obediência civil frente a um estado calamitoso tem muito a ver com o senso de coletivo e disciplinar incutido na mentalidade e na cultura do povo japonês. Contudo, ainda há diversas falhas no sistema que dificultam uma aptidão maior de resiliência da população japonesa, o que gera uma sensação de certo abandono por parte de um governo que não se impõe.
 Entretanto, como se não bastassem os estragos causados nas áreas atingidas pelo tsunami tenham atingido proporções de larga escala, com contagens de mortos e desaparecidos nas casas das dezenas de milhares, as ações humanitárias e governamentais na região ainda estão longe de serem extensas e significativas. Há uma certa desconfiança sobre a liderança política japonesa no que tange às medidas que estão sendo adotadas para amenizar os efeitos do desastre. Um exemplo é a demora em se decretar o estado de emergência no país, o que dificultou a distribuição e o acesso a fontes de reserva de combustíveis, alimentos, água, energia e outras necessidades das vítimas e da população em geral. A luta por esses recursos é grande e constante nas áreas severamente atingidas pela catástrofe. Outra faceta dessa impotência política é a maneira como as autoridades japonesas tem tratado a questão da usina nuclear. Até agora, não se sabe qual o real dano causado e as consequências que um vazamento radioativo teria não só no meio ambiente, mas na economia e na vida social dos japoneses.
Como bem assertou o The Economist[1] em artigo a respeito dessa aparente inércia governamental em resolver a crise humanitária e nuclear causada pelo terremoto e pelo tsunami, o estoicismo é o termo mais adequado que encontramos quando olhamos para a reação da sociedade nipônica perante uma situação tão desesperadora. Entretanto, é esse mesmo estoicismo que deve ser confrontado quando se exige uma série de tomada de decisões a que o sistema inicialmente não consegue responder de forma eficiente. A única ação, então, a se pensar é a da mudança. E deve-se pensar até quando as mentes e corações de uma sociedade tipicamente conhecida pela sua austeridade, rigidez e conformismo adotem tal sentimento de transformação.

Gustavo Tetsuo Hirata Yendo é acadêmico do 9 º período de Direito do Centro Universitário Curitiba e aluno de Iniciação Científica do Grupo de Pesquisa “Comércio Internacional e Desenvolvimento Econômico” da mesma Instituição.




[1] http://www.economist.com/node/18441143



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