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Navio controlado com um iPad: tecnologia avançada, não tem nem regulação ainda |
“Temos muito em comum: na área econômica, a história de relacionamento entre o Brasil e Holanda já conta quase quatro séculos, com a ida de Maurício de Nassau ao Nordeste na época colonial”, declarou Marten van den Berg, diretor substituto de Relações Internacionais do Ministério dos Assuntos Econômicos, Agricultura e Inovação do governo Holandês. A fala ocorreu durante a visita de uma missão empresarial brasileira do setor de construção naval à Holanda, na última semana de junho. “Temos, além disso, mais em comum. A começar pela nossa paixão pelo futebol. Orgulhamo-nos de termos revelado ao mundo, no PSV Eindhoven, os craques Ronaldo e Romário. E, se invejamos os cinco títulos mundiais do Brasil, ao menos chegamos em segundo lugar mais vezes do que vocês”, brincou Van der Berg, arrancando risos da plateia.
Se no futebol a rivalidade entre os países resulta frequentemente em dramáticas partidas – basta lembrarmos as Copas de 1974, 1994, 1998 e 2010 –, na área econômica a busca é por mais cooperação e interação. “A indústria de construção naval holandesa é tem alta tecnologia, produtividade e, orgulhosamente, pratica a sustentabilidade. Somos parceiros do Brasil, uma economia emergente de muita importância, para negócios neste e em outros setores”, concluiu Van der Berg, falando do palco do pavilhão flutuante do Netherlands Water Expo, localizado dentro do Porto de Roterdã, o maior do
mundo.
Convidados pela governo holandês e pela Holland Marine House Brasil (HMHB), entidade setorial baseada no Rio de Janeiro que representa a indústria naval da Holanda, vieram à Europa cinco diretores de estaleiros brasileiros e o vice-presidente executivo do Sindicato da Construção Naval (SINAVAL), Franco Papini. O grupo passou cinco dias visitando empresas na Holanda, cruzada de ponta a ponta.
A importância do setor expressa-se em números. “O Brasil passou de 1,9 mil empregos diretos na área em 2000 para mais de 60 mil hoje, graças a uma demanda concentrada da Petrobras”, explica Papini. A indústria naval, focada nos anos 1970 principalmente em exportação, entrou em crise nos anos 1980 e 1990. Voltou a crescer agora, focando em obras, sobretudo da Petrobras: até 2020, a estatal quer produzir 6 milhões de barris de petróleo por dia. “Isso implica construir 33 novas sondas de perfuração, 50 plataformas de produção, 500 navios de apoio e de 100 a 120 navios tanqueiros”, enumera Papini. O número de empregos diretos também subirá novamente no período, atingindo os 100 mil trabalhadores segundo estimativas do SINAVAL. “É o momento do Brasil; a demanda será perene pelos próximos 30, 40 anos”, calcula.
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Joystick da Rolls Royce utiliza componentes de última geração produzidos pela holandesa Kwant Controls |
Para poder atender a essa impressionante demanda, a indústria naval precisa modernizar-se, e busca tecnologia de padrão internacional onde puder, motivo por que não só a Holanda, mas também Japão e Finlândia já foram visitados pelo setor. O governo brasileiro, porém, não quer mercado livre nesta área: impõe uma política de conteúdo local que estabelece um mínimo de 70% de “conteúdo local” nas novasobras. “Eu acho que isso não pode desencorajar empresas estrangeiras de trabalharem em conjunto com o Brasil. Ao contrário, deve estimulá-las inclusive a instalar-se no nosso país, transferir tecnologia e gerar emprego e renda no Brasil”, defende Papini.
Do lado holandês, a vontade de fechar negócio com o Brasil também é evidente. O departamento de relações internacionais do Ministério dos Assuntos Econômicos do país elegeu o Brasil como um de seus cinco países-foco. “A indústria holandesa do setor de construção naval tem muito a oferecer ao Brasil: desde pequenos componentes eletrônicos de altíssima tecnologia até projetos de completos de navios”, explica Johanna Bart Ritsma, presidente da HMHB e, desde o ano passado, trabalhando no Rio de Janeiro. Há muitas oportunidades de negócio com o Brasil, e a Holanda não vai ficar para trás. Holandeses são empreendedores e essa parceria tem grande potencial”, diz Ritsma.
Em tempos de crise financeira na Europa, mercados emergentes como o do Brasil são muito atraentes. A tecnologia, o know-how e a grande capacidade de inovação do moderno “Velho” Mundo são um dos maiores ativos de países como a Holanda no mercado internacional.
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Certamente, porém, nem tudo são rosas. Ou tulipas. Investir no Brasil não é fácil. Altos juros, o novo protecionismo, a burocracia e, sobretudo, o emaranhado e intraduzível sistema tributário brasileiro, ainda são grandes obstáculos a serem superados. Nesse caso, o know-how para as reformas de que o Brasil precisa não poderá vir de fora, mas depende exclusivamente da vontade política de Congresso e Executivo. Isso, só Brasília pode resolver. Enquanto as mudanças de atitude na política brasileira não acontecem, resta à diplomacia comercial de ambos os lados achar meios para driblar as dificuldades.
O Ministério do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio brasileiro (MDIC), por exemplo, reconheceu alguns desses problemas durante o 30º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, realizado no início do mês em Frankfurt, Alemanha. “Estamos trabalhando para reduzir a burocracia e preocupados com a desaceleração da indústria nacional”, revelou Heloísa Menezes, secretária de Desenvolvimento da Produção do MDIC. “Contudo, queremos um caminho de mão dupla com a Alemanha, tanto adquirindo tecnologia e conhecimento, como incrementar o investimento de empresas
brasileiras na Alemanha”.
Voltando à Holanda, diferentemente das disputas acirradas no futebol, o objetivo na área econômica é que tanto Brasil como o país europeu saiam vitoriosos. E que suas empresas fechem bons negócios.
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