O Plano Real e seus Impactos na Economia Brasileira
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O Plano Real e seus Impactos na Economia Brasileira


Lançado em julho de 1994, o Real está completando 18 anos. Acabando com uma inflação que girava em torno de 50% ao mês, para atingir menos de 2% nos primeiros meses, a partir dessa expriência, o país passou a ter a inflação controlada. Nas próximas sextas-feiras, teremos aqui no Internacionalize-se artigos de alunos do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba, sobre o Plano e seus principais desdobramentos.
Em "O Plano Real e seus impactos na Economia Brasileira" são apresentadas as principais etapas pelas quais passou plano até alcançar o sucesso na estabilidade de preços.  

O Plano Real e seus Impactos na Economia Brasileira

Por Solange Dreveniacki e Tayenne Caron




A moeda é um dos símbolos mais importantes da soberania e identidade de um país, e a inflação elevada e contínua deteriora a mesma. Conceber e administrar um plano de estabilização em um país que trocou várias vezes de moeda e conviveu com diversos planos econômicos não foi uma tarefa simples. Foram produzidos doze planos de estabilização monetária entre 1979 e 1991, de Figueiredo a Collor. A moeda foi chamada de Cruzeiro (1967-1986), Cruzado (1986-1989), Cruzado Novo (1989-1990), novamente Cruzeiro (1990-1993), Cruzeiro Real (1993-1994) e houve um sistema bi-monetário no primeiro semestre de 1994 que abrigou a URV (Unidade Real de Valor) e o Cruzeiro Real.

            O Plano Real surgiu após diversas tentativas mal sucedidas de planos heterodoxos nos governos anteriores com a preocupação de não cometer os mesmos erros. Por isso, o Plano seria implantado gradualmente e não haveria congelamentos e sim uma “substituição natural” da moeda.

As medidas tomadas anteriormente, como o ajuste fiscal e a abertura econômica iniciada nos anos 80, intensificadas no governo Collor, contribuíram significativamente para a implementação do Plano Real.

O Plano Real contou com a combinação de condições políticas, históricas e econômicas que permitiram que fossem lançadas as bases de um programa de longo prazo. Realizado em etapas, o plano resultaria no fim de quase três décadas de inflação elevada e na substituição da antiga moeda pelo Real.

O Plano Real foi iniciado ainda no governo de Itamar Franco, com o Programa de Ação Imediata – PAI. Sem choques heterodoxos, como o congelamento de preços e confisco de depósitos bancários, que estavam presentes nos planos antecedentes, o governo assumiu que a principal causa da inflação era o descontrole financeiro e administrativo do setor público. Era uma primeira sinalização de mudança focada no ajuste das finanças públicas e na reorganização das relações entre os setores público e privado.

No cenário internacional, o plano surgiu em um ambiente econômico mundial de elevada liquidez nos mercados financeiros desenvolvidos, provocada pelo alto crescimento da economia americana, pela grande geração de riqueza nos seus mercados capitais e em decorrência de um grande volume de comércio mundial.

O lançamento do Plano Real ocorreu em dezembro de 1993 e veio composto de três fases: a do ajuste fiscal, a de criação de um novo indexador (Unidade Real de Valor – URV) e a introdução da nova moeda – transformação da URV em R$. Essas fases sobrepõem-se e envolvem um conjunto de políticas, monitoramentos das já iniciadas e formulação e implementação de outras. Além disso, articulam-se ao PAI, à elevação das taxas de juros (para aumentar as reservas cambiais que lastreariam a nova moeda), a sobrevalorização cambial e medidas de abertura comercial com fins antiinflacionários. Algumas ações aprofundavam políticas iniciadas por Collor, outras foram introduzidas em 1993 e 1994. A viabilidade do Plano Real pressupunha a continuidade da adoção e monitoramento das políticas propostas e a formulação de novas medidas liberalizantes.

A implementação da URV definiu as linhas gerais do plano de estabilização e possibilitou a eliminação da memória inflacionária e também o reajustamento dos preços relativos. A aprovação da URV abriu caminho para a entrada em circulação do Real, em primeiro de julho de 1994, concluindo uma etapa fundamental da estratégia política de grande envergadura.

O impacto do plano de estabilização sobre a hiperinflação foi imediato com a queda rápida da taxa de inflação. Outras conseqüências foram um grande crescimento da demanda e da atividade econômica e a valorização cambial.

A maior lição aprendida pelos formuladores do Plano Real com o fracasso dos planos anteriores foi que medidas impostas unilateralmente implicam em violência jurídica e resistência da sociedade. Assim, temendo mais um fracasso, o governo vinha dando declarações públicas sobre as medidas a serem implantadas, de modo que quando foi baixada a Medida Provisória que instituiu o Plano Real não havia em seu texto nenhuma surpresa.

O Plano proporcionou o controle da inflação em nossa economia através de mecanismos que permitiram uma ampla abertura ao comércio exterior, da mesma forma como aumentou a integração de nosso sistema financeiro aos mercados financeiros internacionais. E o grande diferencial do programa brasileiro de estabilização econômica em relação aos outros planos foi que o mesmo conseguiu acabar com a indexação da economia brasileira sem congelamento de preços.

O principal resultado do Plano Real, segundo Delfim Netto, foi recuperar a credibilidade da moeda brasileira depois de uma década de erosão contínua e profunda, num processo acelerado de inflação que estava conduzindo a economia brasileira à tragédia de uma hiperinflação.

O programa brasileiro de estabilização econômica é considerado o mais bem-sucedido de todos os planos lançados para combater a inflação até o momento.



Fontes de Pesquisa:

http://vsites.unb.br/face/eco/peteco/dload/monos_012002/diego.pdf

http://www.fazenda.gov.br/portugues/real/planreal.asp

http://www.sociedadedigital.com.br/artigo.php?artigo=115

http://www.cofecon.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1792&Itemid=105

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SCHWARTZ, Gilson. Além da estabilização: do Plano Real à reconstrução da economia política brasileira. Tempo soc. [online]. 1999, vol.11, n.2, pp. 83-96. ISSN 0103-2070.

GREMAUD, Amaury Patrick. Economia brasileira conteporânea. São Paulo: Atlas, 2002.

Solange Dreveniacki e Tayenne Caron são alunas do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.



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