LÍBIA SEM KADAFI
Mundão

LÍBIA SEM KADAFI


Luan Oliveira
Geissa Franco
Maivi Ramalho

Alunos do Prof. Marlus Forigo
na disciplina de Teoria Política
do 2º per. de Relações Internacionais



          Durante os anos 1970 e 1980, o líbio Muammar Kadafi foi um dos principais defensores do nacionalismo árabe, nos últimos anos, porém, o ditador se tornou uma caricatura de si mesmo pela falta de sentido de suas ações. O nacionalismo ficou no passado e o país se converteu em uma extensão das potências europeias. O país se transformou na última década no paraíso das grandes multinacionais do petróleo e empreiteiras, que vão da Shell e BP, da brasileira Odebrecht às construtoras turcas. Não é à toa que o levante contra a ditadura de Kadafi tenha levado pânico aos grandes executivos e conseqüentemente elevado o preço do petróleo no mercado internacional.
          Muammar Kadafi subiu ao poder após um golpe militar em 1969. Dez anos depois de o país árabe ter descoberto petróleo em seu subsolo, o que o tornou um dos países mais ricos da região. Hoje, a Líbia é o terceiro maior produtor de petróleo do continente africano, responsável por 2% da produção mundial que tornara o sistema político do país um meio termo entre o capitalismo e o socialismo, influenciado pelo islamismo.

          O regime de Kadafi iniciou uma reaproximação com o Ocidente. A ONU pôs fim às sanções e o país se abriu ao capital internacional. O imperialismo percebeu que não podia simplesmente dispensar as grandes reservas de petróleo líbias. A partir daí, o Estado governado por Kadafi se aproximou aos EUA e da Inglaterra. Em 2004, o então primeiro-ministro Tony Blair assinou um acordo com o ditador chamado de “Acordo no Deserto”, que previa bilhões em contratos de exploração de petróleo no país. Já em 2005 a Líbia promove um leilão de suas reservas petrolíferas, marcando o retorno das empresas norte-americanas. Embora fosse a Itália quem mais se beneficiasse com a guinada entreguista da ditadura líbia.
          Se na prática a ditadura de Kadafi já não mais se opunha como antes ao imperialismo ocidental, seu discurso ainda apresentava resquícios do velho nacionalismo, contando para isso com o apoio de governos considerados de “esquerda” _ entenda-se Hugo Chaves e Lula _ que alimentavam sua imagem de líder antiimperialista.
          Apesar do discurso, a ditadura de Muammar Kadafi privatizou os campos de petróleo e entregou o país às grandes empreiteiras. A abertura econômica realizada pelo ditador líbio seguiu a mesma política neoliberal; apesar dos recursos vindos do petróleo, a desigualdade é gritante e o desemprego atinge de 30% a 40% da população líbia.
          A determinação das massas, apesar da brutal repressão da ditadura líbia conferiu a Kadafi o mesmo destino de muitos outros ditadores: uma morte desonrosa. Ações como esta, alimentadas pelo desejo de vingança e falta de estruturas e experiências democráticas poderão assegurar à liberdade e democracia na Líbia? Será que a Líbia sem Kadafi e tornará um país democrático?
          Hoje não se pode esconder a experiência das liberdades democráticas de nenhum povo, mas será que a derrubada por si só de um regime autoritário transformará a Líbia numa democracia? Será o povo líbio o responsável pelo novo regime que se construirá?  Infelizmente grandes mudanças não se vislumbram no horizonte com a saída de Kadafi do poder. Junto ao povo líbio, com suas divisões tribais se somarão ao processo de reconstrução política do país as intervenções diretas das empresas transnacionais atuantes no país.
          Talvez a mudança na Libia venha de fora para dentro, intervenções dos países que participam da exploração do petróleo na Libia e que acreditam no crescimento e na transição do país sem direitos para um Estado liberto e livre da ditadura. O interesse em aniquilar Kadafi, não se pode ignorar, está ligado aos interesses dos países ocidentais.
          Kadafi era um líder autoritário de um modelo anacrônico, mas não se pode ignorar o fato de que os bombardeios promovidos OTAN, à aliança militar do ocidente, além dos princípios “humanitários” foram motivados também pelo interesse no petróleo Líbio. O discurso em defesa aos direitos humanos foi uma desculpa para invasão à Líbia, que já estava acertada e faltava apenas o momento “politicamente correto”, a “desculpa” certa.
          Muammar Kadafi deveria ter sido preso e julgado, mas está morto. Os líbios que viverão a era pós Kadafi devem se certificar de que a invasão européia e americana não se constituirão numa forma de ditadura econômica, já que o país está exposto e seu petróleo gera muito mais dinheiro do que se pode imaginar.



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