Eu não havia feito texto mais analítico nem sobre o Mensalão, nem sobre as eleições até aqui. Acabado o segundo turno das eleições municipais em todo o Brasil é hora de encarar os fatos: os grandes vitoriosos tanto no caso do Mensalão como nas eleições foram Lula e o projeto de poder do PT.
É claro que a condenação de corruptos no Mensalão e a vitória expressiva de opositores ao PT em redutos importantes no país todo, incluindo no Nordeste, parecem apontar no sentido oposto ao meu argumento.
Para olhar adiante, porém, é necessário ver além daquilo que está diante de nossos olhos.
A vitória de Fernando Haddad no maior e mais importante reduto da oposição tucana no país não é qualquer coisa. O candidato petista, cujo nome completo eu já sabia mas, mesmo assim, para garantir precisei ir ligeirinho ao Google confirmar chamar-se Fernando, saiu de traço nas pesquisas para, amparado por Lula e ajudado de bandeja pela rejeição de José Serra, ser escolhido o novo prefeito de São Paulo hoje. Ponto para Lula.
Já no Mensalão, a condenação de quadrilheiros e a tal da teoria do domínio dos fatos, encampada pela maioria dos ministros do Supremo para dar suas sentenças, leva à inevitável pergunta: como pode o presidente da República não ter tido, então, domínio sobre os fatos ocorridos sob seu nariz? Mais um ponto para o Lula, que segundo um dos Ministros do Supremo, Marco Aurélio Mello, é um sujeito "safo". Eu acrescento um u: que se "safou".
Não me deixo impressionar muito com as derrotas sofridas pelo PT em importantes cidades brasileiras nesta eleição ou com a condenação de mensaleiros. É lógico que a condenação de corruptos é importante para o país e para o Estado de Direito, não se trata de diminuir o peso de uma vitória desse tamanho - e honestidade deveria ser condição mínima para exercer cargo público. Mas há que se contextualizá-la.
O que fica claro é que o Brasil não está maduro o suficiente para responsabilizar os graúdos. Graúdos mesmo. Sobretudo se eles gozam de grande apoio popular e conseguem vender a história de que foram "absolvidos pelas urnas". Mais um ponto para o Lula - e muitos, muitos outros para o PT e para todos os políticos que acham que ter bom discurso, ser carismático e popular é suficiente para justificar qualquer malfeito.
Vão-se os anéis, ficam os dedos. E, quais tentáculos, os próximos anos dirão até onde esses dedos vão alcançar.
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