Lula: a farsa e seu desprezo pelas instituições
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Lula: a farsa e seu desprezo pelas instituições


Confesso que atinge-me um desânimo grande toda vez que leio uma notícia da política brasileira em geral e do PT em particular que relate mais um disparate contra nossas instituições. Parar o que estou fazendo para escrever um texto sobre o assunto parece-me uma perda de tempo. Primeiro, porque a bandalheira já está tão grande que é sempre certo que algo pior aparecerá. Segundo, porque há muita gente que já escreve diariamente sobre cada detalhe sujo da vida pública brasileira, que me sinto apenas como mais um - sobretudo considerando que as pessoas a quem me refiro escrevem muito melhor do que eu.

A atitude de Lula revelada por Veja deste final de semana de ter chantageado o Ministro do STF Gilmar Mendes, porém, não me permitiu continuar sentado, calado ou só criticando à boca pequena, para amigos e conhecidos. Aqui estou para declarar a quem quiser ouvir: Lula me envergonha não (apenas) como ex-presidente; não (apenas) como líder político. Lula me envergonha pela sua postura de anti-cidadão; pela sua postura associal.

O que Lula fez não se espera de um cidadão de bem. Pedir, em prol de seu partido, de seu projeto político, e de seus comparsas criminosos do Mensalão, que um julgamento seja adiado, é atitude execrável; é atitude baixa, vil, inominável. Deletéria. Chantagear seu interlocutor, então, é algo além disso tudo.

Não se trata de desrespeito. 

Se eu ouvisse Lula xingar, dirigir palavrões (ele já fez isso tantas outras vezes...) a um Ministro por discordar de uma opinião sua, acharia muito feio, condenável do ponto de vista dos bons costumes. Mas o que se passou foi mais grave.

Não se trata de ignorância. 

Lula estudou formalmente durante poucos anos, mas isso não me faz deixar de reconhecer sua esperteza privilegiada, seu raciocínio político aguçado, independentemente da variável ética ou moral. Aliás, ele saber separar ética e moral de seu raciocínio político é, para mim, grande responsável pelo seu sucesso. E Lula, inteligente politicamente como é, não ignora a importância do julgamento do Mensalão no Supremo Tribunal Federal e demonstra que tentará de todas as formas evitar a condenação de seus comparsas.

Trata-se, principalmente, de puro desprezo. 

Um desprezo profundo, total, ilimitado, que, no caso específico, admite apenas o pejo de pedir ao seu parceiro de crime, Nelson Jobim, que o acoberte - mas isso somente porque Lula sabia que, politicamente, pegaria mal ser descoberto. 

Lula não dá o menor valor para as instituições. O que vale é o que ele pensa, o que ele quer, o que ele diz. E, com seu carisma e popularidade, monstruosos e inegáveis, seu desprezo pelas instituições e pelo Estado de Direito tornam-se invisíveis ao grande público mas indisfarçáveis aos observadores com um mínimo de cultura democrática.

Lula despreza o Supremo Tribunal Federal. 

Lula despreza o Congresso. 

Lula despreza a imprensa livre.

Aliás, Lula despreza a própria Presidência da República, cargo que ele mesmo ocupou. Desnecessário mencionar que, por inúmeras vezes, Lula agiu investido do cargo em estatura claramente inferior às exigências do protocolo e da decência. 

Lula despreza tudo, a todos - as instituições e a quem não o bajula como espera seu ego olímpico. Se em seu cálculo político, porém, o respeito às primeiras se faz necessária e a cordialidade com os últimos inevitável, ele mantém as aparências.

Sobre o desmentido de Jobim também um comentário: a imprensa brasileira demonstrou estar a serviço desse desprezo. 

Salvo raras exceções, a assessoria petralha oficial, extraoficial ou paraoficial (e a infiltrada, lógico), conseguiu fazer com que o desmentido do cúmplice de Lula, Nelson Jobim, tivesse mais destaque do que a declaração de um Ministro do STF. 

Gilmar Mendes, a vítima, ficou como o "suposto chantageado" e Jobim, o cúmplice, como "o autor do desmentido".

Que confiança, afinal, temos nas nossas instituições se a imprensa inverte os valores desta forma? Que confiança temos em seus representantes? Como a imprensa brasileira cai tão facilmente nessa conversa? Ou, pior, com que interesses ela participa deste grande teatro? 

Custo a acreditar que seja apenas o interesse financeiro, monetarizado nos bilhões de reais públicos, dinheiro de todos os brasileiros, que anualmente pingam nos cofres das nossas rádios, das TVs, dos jornais, das revistas, de norte a sul, leste a oeste. Seria mercenarismo demais. Ou é.

As bravatas de Jobim não são nem de longe desconhecidas da imprensa. Não foram elas que lhe custaram o seu último emprego na Esplanada? Como contou o jornalista Joge Moreno, d'O Globo, Jobim em telefonema disse-lhe a respeito do assunto que havia marcado com Lula o encontro com três dias de antecedência. No dia fatídico, "coincidentemente", Gilmar Mendes também estava em seu escritório. Eu sei que lógica não se ensina na faculdade. Sei também, entretanto, que é a primeira coisa que um jornalista aprende quando pisa em uma redação. E falo isso com a experiência de quem trabalhou aos 17 anos em um jornal pequeno, local. Eu espero muito, muito mais dos meios de circulação nacional. Como pode Lula ter por coincidência encontrado Gilmar Mendes no mesmo local onde, havia três dias, havia marcado um encontro com Nelson Jobim?

Meu desabafo está feito. Comprido, mas necessário. 

É um pequeno registro para a história, que mais tarde, um dia, quero reler: Luís Inácio Lula da Silva, a maior farsa da história política brasileira e seu desprezo pelas instituições. Tão poucos tem coragem de dizê-lo em alto e bom tom. 

Também a farsa mais bem contada, diga-se; aliás, justamente pelo seu próprio criador, o mais esperto presidente da história do Brasil. Ao encontrar-se com Gilmar Mendes e chantageá-lo, Lula deu com a língua nos dentes. Revelou, de uma vez por todas, que nunca antes na história desse país um líder político conseguiu ter ao mesmo tempo um desprezo tão grande por suas instituições e, ainda assim, gozar do respeito delas e de praticamente todos os seus representantes. Aí incluem-se não apenas as instituições governamentais,  mas também a igreja, mídia, sindicatos, universidades, associações, tudo.

Sei que muitos lerão este texto de nariz torcido, julgando-me um radical. Não me importo. Radical é aquele que vem ou respeita as raízes. E se essas raízes são os princípios que fundam o Estado Democrático de Direito, a Liberdade, a Democracia e a consideração - não o desprezo - pelas nossas Instituições, sou radical e com orgulho.

Eu espero, sinceramente, que a frase de Abraham Lincoln, lapidar, logo sirva a Lula também: "pode-se enganar a todos por algum tempo; a alguns por todo o tempo; mas não a todos o tempo todo"

Espero, apenas, que a degradação das nossas instituições, fruto em grande parte da ação de apenas um homem, não esteja em estágio avançado demais quando a maior parte dos brasileiros se der conta da farsa vivida nos últimos anos.




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