Decifrando o Código Hamas
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Decifrando o Código Hamas





 Por Andrew Traumann*

O dirigente do Hamas Mahmoud Zahar declarou nesta semana que o movimento islâmico  está disposto a aceitar o estabelecimento de um Estado palestino nas fronteiras de 1967, embora ressalte que nunca reconhecerá Israel. Suas declarações ocorrem em meio a esforços para formação de um Governo de união nacional que inclua os membros do Hamas e do movimento nacionalista Fatah, depois do acordo de reconciliação assinado entre as duas facções no dia 4 de maio no Cairo.


Zahar fez as afirmações à rádio da agência Palestina Independente "Maan", ocasião em que afirmou que qualquer reconhecimento formal do Estado judeu poderia "suspender o direito para as futuras gerações de libertar suas terras".


No entanto,não é inconcebível imaginarmos o reconhecimento de Israel pelo Hamas futuramente. Ironicamente, o reconhecimento do Hamas depende também de mudanças na retórica israelense. Enquanto sucessivos governos israelenses jamais tiveram como política oficial aceitar a solução de dois Estados,  o Hamas certamente não dará  o primeiro passo,que seria visto pela sua opinião pública como uma capitulação.

Já em 2006 Zahar havia enviado uma carta ao então Secretário-Geral da ONU Koffi Annan,declarando que seu governo estaria disposto a viver "pacificamente lado a lado com seus vizinhos" numa solução de dois Estados. Israel por sua vez,mantém o discurso de “não negociar com terroristas”,mesmo o grupo tendo sido democraticamente eleito na Faixa de Gaza em 2006.  Israel prefere negociar com o governo  da Autoridade Palestina, denunciada pelo Wikileaks como um negociador desesperado e disposto a fazer  enormes concessões aos israelenses como aceitar a anexação de quase todos os  assentamentos ilegais em Jerusalém Oriental.

Nos últimos anos, diversos líderes do Hamas se mostraram dispostos a aceitar a criação de um Estado palestino em suas fronteiras internacionalmente reconhecidas, ou seja, nos territórios que Israel ocupa desde a Guerra dos Seis Dias em 1967 (Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental) e uma trégua de longa duração com Israel de até trinta anos,podendo ser renovada indefinidamente,o que na prática seria um reconhecimento,mesmo que a retórica do grupo não permita o uso do termo.

Para conciliar o abandono do discurso da “libertação da Palestina”, com a realidade da existência de Israel, o Hamas considera a possibilidade de propor à população palestina um referendo sobre a decisão a ser tomada. Para os membros do Hamas entregar a decisão ao povo palestino tiraria de suas costas o peso de ser acusado como um grupo radical avesso à paz. Sob tais circunstâncias o Hamas já  declarou publicamente que não teria outra escolha senão respeitar e endossar a decisão do povo palestino.

* Andrew Traumann, Mestre em História e Política pela UNESP, e doutorando em História,Política e Poder pela UFPR é professor de História das Relações Internacionais do UNICURITIBA.










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