Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil
O vice-presidente Michel Temer e integrantes da cúpula do PMDB começam a demonstrar certo constrangimento em sair em defesa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O desconforto aumentou depois das manobras colocadas em prática pelo peemedebista na última quinta-feira (19), quando tentou impedir o avanço do processo de cassação contra ele no Conselho de Ética. Um exemplo da falta de disposição da cúpula do PMDB de fazer manifestações a favor de Cunha aconteceu durante o congresso da sigla realizado esta semana em Brasília. Apesar de os principais nomes do partido terem chegado juntos ao evento, para demonstrar unidade, não houve nenhum ato de desagravo ao presidente da Câmara. Pelo contrário, ele chegou a ser vaiado e teve de ouvir o bordão "fora, Cunha" até dos próprios correligionários. Mesmo em conversas reservadas, Temer tem evitado se posicionar de maneira mais explícita a favor de Cunha, de quem sempre foi próximo. Diz apenas que, como qualquer pessoa, ele tem amplo direito a defesa. O vice, porém, se recusa a discutir nomes para uma eventual substituição de Cunha no cargo. Afirma que não fala sobre "hipóteses" e que só fará isso no dia em que saída do aliado for um fato consumado. Entre os peemedebistas, cresce o sentimento de que a situação do presidente da Câmara pode contaminar a imagem do partido. A avaliação é de que a rebelião de deputados em plenário desta semana mostrou que, apesar de ser um político habilidoso e possuir rede ampla de aliados, a posição de Cunha começa a ficar insustentável e pode piorar caso as investigações contra ele avancem no Supremo Tribunal Federal.