Foto: Agência Brasil / Arquivo
      O executivo Vinícius Veiga Borin relata, em delação, que a offshore  Shellbill Finance, do marqueteiro das campanhas presidenciais de Dilma  Rousseff (2010 e 2014) e Luiz Inácio Lula da Silva (2006), teria  recebido US$ 16,6 milhões de três offshores usadas pelo "departamento de  propinas" da Odebrecht. O valor é quase o triplo do já rastreado no  exterior pela Lava Jato na conta do marqueteiro com apoio de autoridades  suíças - US$ 6,4 milhões. Além disso, a operação identificou que João  Santana e sua mulher e sócia Monica Moura teriam recebido no Brasil  outros R$ 23,5 milhões. Os repasses já identificados pela operação deram  origem a uma denúncia contra os marqueteiros e os executivos da  Odebrecht que atuavam no Setor de Operações Estruturadas - nome oficial  do departamento que cuidava da contabilidade paralela da maior  empreiteira do País e que foi descoberto pelos investigadores na 23.ª  fase da Lava Jato, chamada Acarajé. Em seu relato aos procuradores da  força-tarefa, Borin, que atua no setor financeiro desde 1976, diz que,  com o avanço da operação, o executivo Luiz Eduardo, atualmente preso e  réu na Lava Jato, "começou a solicitar informações de pagamentos para  algumas contas". Borin trabalhava no Meinl Bank, em Antigua, e cuidava  das contas da empreiteira. Neste levantamento sobre as transações  "aparentemente suspeitas", aparece os repasses das contas Klienfeld,  Innovation e Magna, todas ligadas à Odebrecht segundo o delator, para a  conta da Shellbill. Os investigadores suíços já haviam identificado as  contas Klienfeld e Innovation como pertencentes, de fato, ao grupo  Odebrecht e, até mesmo, encaminhou as informações sobre elas às  autoridades brasileiras. O próprio João Santana, ao ser preso pela  Polícia Federal em fevereiro, admitiu que usava conta da Shellbill, que  não foi declarada por ele à Receita Federal. Na ocasião, disse que usou a  conta para receber dinheiro de campanhas no exterior. Agora, os  investigadores esperam avançar sobre novas transações com os nomes de  outras empresas offshores que teriam sido usadas para transitar os  pagamentos ilícitos da empreiteira. Em seu depoimento, agora sob análise  do juiz Sérgio Moro que vai decidir se homologa a colaboração premiada  de Borin, o delator associa de forma direta as offshores que mantinham  contas no banco em que ele atuava com a Odebrecht. Desde que a Lava Jato  fechou o cerco ao "departamento da propina", a Odebrecht vem negociando  um acordo de delação premiada. A empresa informou que não iria se  manifestar sobre o depoimento de Borin. O criminalista Fabio Tofic  Simantob, que defende João Santana, disse que a defesa só vai se  manifestar sobre o caso perante o juiz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.