Collor se diz 'humilhado' e afirma que Lava Jato 'extrapolou' limites
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Collor se diz 'humilhado' e afirma que Lava Jato 'extrapolou' limites


Investigado pela Procuradoria Geral da República, o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello afirmou nesta terça-feira (14), na tribuna do Senado, que a nova fase da Operação Lava Jato, que cumpriu mandados de busca e apreensão nas suas casas em Brasília e Maceió, foi truculenta e "extrapolou" todos os limites do estado democrático de direito e da legalidade. Já o Senado, em reação à entrada de policiais em apartamentos funcionais de senadores, disse que a medida "beira à intimidação".
"Hoje fui submetido a um atroz constrangimento pessoal. Fui humilhado. Depois de tudo por que passei, tive que enfrentar situação jamais por mim experimentada. Por tudo o que se passou comigo na minha trajetória política. Extremo desgaste emocional, mental e físico, juntamente com minha família. Portanto, constrangido fui, humilhado também fui, mas podem ter certeza, senhor presidente, que, intimidado, eu jamais serei”, discursou Collor no Senado.
Com mandados expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), agentes da PF foram, além das casas de Collor, nas residências do senador Ciro Nogueira (PP-PI) e do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), em Brasília, na do ex-ministro e ex-deputado Mário Negromonte (PP-BA), na Bahia, e na do ex-ministro e senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE). Também foi realizada busca e apreensão na casa do ex-deputado João Pizzolati (PP) e na casa da ex-mulher dele, em Santa Catarina.
 
OPERAÇÃO LAVA JATO
PF investiga lavagem de dinheiro.
Ao todo, a PF foi autorizada pelo STF a cumprir 53 mandados de busca e apreensão. As autorizações foram dadas pelos ministros Teori Zavascki, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski em seis inquéritos do Supremo que investigam políticos suspeitos de envolvimento nos desvios de dinheiro da Petrobras por meio de contratos superfaturados.
Segundo a Políca Federal, o objetivo da Operação Politeia, como foi batizada a nova fase da Lava Jato, é evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados. As buscas ocorreram nas residências de investigados, em seus endereços funcionais, sedes de empresas, em escritórios de advocacia e órgãos públicos.
"[A nova fase da Lava Jato] extrapolou todos os limites do estado de direito, extrapolou todos os limites constitucionais, extrapolou todos os limites da legalidade. Sem apresentar um mandado da Justiça, confrontando e invadindo a jurisdição da polícia legislativa do Senado Federal e, portanto, a soberania de um Poder da República, os agentes, sob as ordens de Rodrigo Janot, literalmente arrombaram, este é o termo, arrombaram o apartamento de meu uso funcional como senador da República", disse o ex-presidente da República.
Na avaliação de Collor, a operação desta terça da PF foi "espetaculosa" e midiática". Diante dos olhares dos colegas do Senado, ele acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de ter orquestrado a operação para lhe vincular ao esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
"Uma operação espetaculosa, midiática, com vários helicópteros, dezenas de viaturas, absolutamente desnecessários, e maldosamente orquestrada pelo PGR, com único intuito mesquinho e mentiroso de vincular a uma investigação criminosa, bens e valores legalmente declarados e adquiridos nos anos, ou antes, de qualquer investigação, muito antes do suposto cometimento de pretensos crimes maldosamente a mim imputados.", reclamou o parlamentar alagoano na tribuna.
A assessoria da PGR informou que Janot não irá se manifestar sobre as declarações de Collor na tribuna do Senado.
Na residência de Brasília de Collor foram Foram apreendidos três veículos de luxo: uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini (assista ao vídeo acima). Na capital federal, também houve buscas nas residências do advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), e do sócio dele, Luciano Araújo.
Em Maceió, agentes da PF também cumpriram mandado no prédio da TV Gazeta, afiliada da TV Globo. A Gazeta tem Collor como um dos principais acionistas. Os policiais também realizaram buscas na Organização Arnon de Mello (OAM), pertencente à família do ex-presidente da República.
O senador Fernando Collor (PTB-AL) circula pelo Senado após ser alvo de busca e apreensão da PF (Foto: Ueslei Marcelino / Reuters)Collor circula pelo Senado após ser alvo de busca e
apreensão da PF. (Foto: Ueslei Marcelino / Reuters)
"O argumento da operação, vejam só, foi o de evitar a destruição de provas. Depois de dois anos, evitar a destruição de provas, como se lá houvesse algum tipo de prova? E provas de que, afinal? E, por acaso, um veículo é um documento? Por acaso um veículo é um computador? Qual seria o objetivo, então, a não ser o de constranger, de intimidar e, principalmente, o de promover uma cena de espetáculo", ironizou Collor na tribuna do Senado.
"Ferir direitos individuais, invadir propriedade alheia, recolher bens declarados, tudo isso de uma pessoa que nem sequer responde a um processo, e que sequer prestou depoimento, e que sequer foi ouvida, é, no mínimo, violar a Constituição Federal. Buscas, apreensões, invasões, arrombamentos como esses com objetivos atropelados, sejam eles contra qualquer pessoa, é um retrocesso", complementou.
Fonte G1



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