Sabatinados pelos deputados estaduais baianos, na manhã desta terça-feira (27), Mario Negromonte (PP) e João Bonfim (PDT) choraram ao narrar as respectivas biografias cumprindo o rito estabelecido para todos os que disputam a indicação de uma vaga para os Tribunais de Contas do Estado ou dos Municípios.
As “entrevistas” deveriam servir para avaliar o conhecimento e a capacidade daqueles que postulam o cargo na corte de contas, contudo, seguindo a tradição, o que se viu foi uma reunião de colegas desejando sorte no projeto futuro e endossando as qualidades dos indicados.
A eleição para referendar as indicações acontece nesta quarta-feira (27). É feita por voto secreto e são necessários 32 votos (maioria simples). No caso de Negromonte, os deputados decidem se acatam ou não proposta do governador Jaques Wagner. Já no que se refere a Bonfim, os parlamentares aprovam a candidatura da própria Casa.
Vale ressaltar que o pepista seguirá, se vitorioso, para o TCM. Bonfim pleiteia a indicação para o TCE.
Os dois tiveram seus nomes aprovados na Comissão de Constituição e Justiça à unanimidade. A relatora do projeto de indicação de Bonfim foi a deputada estadual Mário Luiza Laudano. A relatoria da proposta de Negromonte coube ao correligionário Aderbal Caldas.
Um acordo entre bancadas permitiu que o caso desses dois postulantes fosse diferente das normais.
Bonfim
Emocionado com a aprovação do nome, Bonfim afirmou que a experiência obtida nos 20 anos de mandatos eletivos, somada a adquirida durante o período que trabalho no Banco do Brasil o credenciam a assumir o cargo no órgão que é auxiliar à Assembleia Legislativa.
De fato, o Tribunal de Contas do Estado atua como fiscalizador e propõe pareceres que devem ser apreciados pelos deputados estaduais. “Nosso papel será de emitir pareceres. Eu tenho a confiança e a certeza que sempre atuarei com a mesma lisura e comprometimento que tive aqui. O julgamento continuará sendo responsabilidade dos deputados”.
O líder da oposição na Casa, Elmar Nascimento (DEM), confirmou as declarações de ontem recomendando à bancada a aprovação da indicação do pedetista. “Bonfim soube aliar a capacidade técnica com a sensibilidade política. Não precisou de apadrinhamento político para se candidatar”, alfinetou.
Vale ressaltar que desde 2012, Bonfim externa sua vontade de ser conselheiro. Quando da indicação de Gildásio Penedo, o pedetista chegou a dizer que disputaria, procurou os pares para viabilizar, mas foi convencido a retirar. Aguardou outra ocasião e acabou recompensado.
Outro assunto levantado na reunião pelo líder da oposição na Casa foi a “barganha” política e “chantagem” que suscitaram quando surgiu a possibilidade de o filho do deputado disputar uma cadeira no próprio Palácio Luís Eduardo Magalhães.
“A nós, da oposição, não comporta essa questão da candidatura de seu filho. Nós não agimos comesse viés. Nós não estamos em uma secretária de estado e nem se trata de um cargo confiança para que haja este tipo de atitude”.
Negromonte
Os olhos de Negromonte ficaram marejados enquanto falava sobre sua história. O deputado federal voltou a se defender das acusações que pululam na imprensa nacional contra ele. De acordo com o postulante, durante todo o tempo que exerceu cargos eletivos nunca houve uma única representa seja do Tribunal de Contas da união, dos ministérios públicos ou de qualquer outra instituição contra ele.
Negromonte reforçou ainda a necessidade de uma reestruturação do pacto federativo para tornar as administrações municipais viáveis. Atualmente, é ponto pacífico de que elas não são devido à desproporção na distribuição dos impostos arrecadados. A concentração no governo federal é apontada como uma das principais razões para o número excessivo de contas municipais rejeitadas.
Embora tenha tido uma longa estádia em Brasília, sendo líder do PP na Câmara Federal em quatro mandatos, Negromonte não conseguiu modificar este cenário.
Zezeu Ribeiro (PT) e Carlos Gaban também foram sabatinados. Os dois disputam uma vaga para o TCE
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