São Paulo - Nesta terça-feira, a Câmara dos Deputados retomou o debate da redução da maioridade penal. A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) realizou a primeira audiência pública para analisar a possibilidade de reduzir para 16 anos a idade mínima para que o acusado de um crime responda como responsável por seus atos. A discussão sobre o assunto já tramita na Câmara desde 1993 e provoca debates acirrados entre os que defendem e os que rejeitam a proposta. Desta vez não foi diferente. A sessão foi tão tumultuada que a audiência foi encerrada mais cedo após uma discussão entre os deputados Laerte Bessa (PR-DF) e Alessandro Molon (PT-RJ). O clima já era de tensão desde o início do debate, quando o plenário foi tomado por manifestantes. De um lado, mães de vítimas de violência cometidas por menores. Do outro, estudantes do ensino médio de escolas públicas de Brasília que exibiam faixas contra a proposta. Os favoráveis à redução da maioridade penal argumentam que, aos 16 anos, um jovem já tem discernimento suficiente para saber que está cometendo um crime e que, por isso, deve ser punido como adulto. Outro argumento é de que os adolescentes são, muitas vezes, usados como "escudos" por criminosos maiores de idade, que sabem que os mais jovens não serão punidos. Entre os que se opõem ao projeto, o argumento é de que a redução da maioridade penal não resolve o problema da criminalidade. Para eles, o Estado deveria investir em políticas sociais para evitar que os jovens entrem no crime. Para entender melhor os dois lados da discussão, EXAME.com conversou com um promotor de justiça do Ministério Público de São Paulo e com um professor de Direito da Universidade Mackenzie com visões opostas sobre o tema. Confira:"Os menores hoje estão muito violentos. Eles não têm medo de atirar para matar porque sabem que se forem presos não sofrerão penas severas. É muito comum prender um sujeito maior de 18 anos que já teve mais de uma passagem na Vara da Juventude enquanto era adolescente. Eu acho que 16 anos é a idade ideal para a Justiça. Antes disso, os jovens não têm sequer corpo de adulto, não têm força para praticar o crime com violência. A partir desta idade, já têm formação de homem e se tornam homens violentos, mas sem responsabilidade penal. Além disso, muitos adultos usam os menores para a prática de crimes, já que sabem que eles sairão impunes. O traficante sabe que, como não serão punidos, eles poderão agir livremente no tráfico sem que ninguém possa pôr a mão nele. não tem nenhum tipo de estrutura familiar. Estão largados nas ruas, envolvidos até o pescoço com drogas e tráfico. Eles estão roubando e matando simplesmente para irem para o baile funk em carros e motos poderosas. Esses menores já andam com armas pesadas, como fuzil e pistola automática, e não têm o menor medo. Por isso, sou absolutamente favorável à redução da maioridade penal]." (Fonte msn.com)