Redes e Poder no Sistema Internacional: A redefinição da categoria de vírus e seu impacto na Internet
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Redes e Poder no Sistema Internacional: A redefinição da categoria de vírus e seu impacto na Internet




A seção Redes e Poder no Sistema Internacional é produzida por integrantes do Grupo de Pesquisa “Redes e Poder no Sistema Internacional”, que desenvolve no ano de 2016 o projeto “Controle, governamentalidade e conflitos em novas territorialidades” no UNICURITIBA, sob a orientação do professor Gustavo Glodes Blum. A seção busca promover o debate a respeito do tema, trazendo análises e descrições de casos que permitam compreender melhor a inter-relação entre redes e poder no SI. As opiniões relatadas no texto pertencem aos seus autores, e não refletem o posicionamento da instituição.

A redefinição da categoria de vírus e seu impacto na Internet


Paulo Vergara*


Antes da popularização da internet no Brasil, em meados dos anos 90, muito se especulava do que seria esse novo mundo de computadores e conexões. Muitas pessoas até mesmo acreditavam na necessidade de estudar informática para, o que hoje é básico e cotidiano para uma parcela da população, ou seja, saber utilizar a rede digital. Com essa popularização, termos técnicos passam a se tornar expressões e até mesmo entram no léxico idiomático como estrangeirismos. São palavras como software, hardware, mouse, entre outras, com as quais convivemos hoje em dia. 

Diferentemente destes termos, já comuns hoje, existem outras palavras que não se enquadram em estrangeirismos, mas assumem novos significados. Esse é o exemplo da palavra "vírus", que apesar de ser um software maligno na leitura informática de hoje em dia em razão do seu uso em língua inglesa para esses casos, tem por definição e popularização um termo de origem latina. 

Evidentemente, o vírus em questão deixa de ser o vírus biológico e natural para assumir outro significado diante de uma realidade cada vez mais modificada e artificializada. Etimologicamente, a expressão vírus estaria próxima da palavra "veneno", pois vem da raiz linguística indo-europeia "weis" (fluir; veneno) e do grego "ióç" (ios = veneno). 

O termo vírus começaria a ser usado com essa conotação informática a partir de 1984. O primeiro deles a existir foi conhecido como "Creeper", e não vírus, que atacou uma máquina em 1971 com a seguinte frase: "im a creeper, catch me if you can!", que em inglês significa "sou uma árvore trepadeira, pegue-me se for capaz!". A partir dos anos 1980, porém, eles começam a receber essa denominação, e começam a surgir os vírus informáticos como conhecemos, que naquela época eram inseridos nos disquetes. No começo os vírus de internet eram encarados como uma brincadeira, que tinha a intenção de simplesmente irritar as pessoas, porém em pouco tempo se faria jus ao termo cunhado ocorrendo em 1986, de uma grande "epidemia" em que os vírus começavam a destruir o sistema operacional das máquinas. 

Nos anos 90, além da criação de vários outros vírus, os mesmos também deram origem a outros tipos de softwares malignos que não simplesmente destroem o sistema operacional, como também furtam informações e/ou controlam a própria máquina afetada. O vírus artificial também começava a criar uma sintomática, seja nas máquinas durante seu uso, quanto ao conteúdo em que nelas se encontrava. As redes, que se popularizavam, se mostravam também uma dimensão na qual era preciso cautela. As derivações dos vírus também se espalhavam pelos e-mails, como é o exemplo do trojan, também conhecido como "cavalo de Troia", que carrega dentro de si vários inimigos preparados para uma enorme invasão, ecoando a lenda grega à qual seu nome faz referência.

  

Em maio de 2012, o vírus mais temível já identificado fora anunciado como "Flame", que em linguagem de internet quer dizer ‘’bate-boca’’. O Flame foi considerado um vírus semelhante ao Stuxnet, que foi o primeiro vírus a se infiltrar e reprogramar sistemas industriais. Este último teve por alvo os sistemas industriais da marca Siemens (SCADA). Já o Flame se infiltra e pode controlar a máquina de locais remotos sem que o manipulador seja identificado, além de furtar informações, e foi identificado no Irã com um número baixo de infecções, chegando a afetar apenas algumas centenas de máquinas. Esse fato gerou a especulação de que o desenvolvedor fosse alguma nação e não um hacker comum, visando informações específicas e não uma contaminação generalizada. A insegurança causada foi tão grande a ponto da União Internacional de Telecomunicações, órgão ligado às Nações Unidas, alertar os outros países de possíveis riscos de ataque. 

Laboratórios como a Kaspersky Lab, empresa russa produtora de software e segurança em vista de vírus, ganham cada vez mais relevância em nosso mundo repleto de ciberguerras. Os vírus nem sempre são evidentes e os riscos podem ser grandes. 


* Paulo Vergara é acadêmico do 5º Período do Curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA), e membro do Grupo de Pesquisa "Redes e Poder no Sistema Internacional"



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