Foto ilustrativa
O PT divulgou hoje (19) uma resolução política em que diz que irá retomar as manifestações populares em conjunto com movimentos sociais contra o processo de impeachment da presidenta da República Dilma Rousseff. O documento diz que, caso a oposição insista na “rota golpista”, o PT não respeitará um governo “ilegítimo e ilegal”.
A decisão foi tomada durante a reunião do Diretório Nacional do PT, na sede do partido em São Paulo, para discutir estratégias de enfrentamento ao processo de impeachment. Participaram da encontro, entre outros, o presidente do partido, Rui Falcão; a senadora Regina Sousa; o vice-presidente do partido, Alberto Cantalice; o tesoureiro do PT, Márcio Macedo; e o assessor especial da presidência, Marco Aurélio Garcia e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O Partido dos Trabalhadores tem reaprendido. Nesta jornada, antiga lição que remete à fundação de nosso partido: o principal instrumento político da esquerda é a mobilização social, pela qual a classe trabalhadora toma em suas mãos a direção da sociedade e do Estado”, diz o texto. “Se a oposição de direta insistir na rota golpista, reafirmaremos que não haverá trégua nem respeito frente a um governo ilegítimo e ilegal”.
Mais manifestações
De acordo com o presidente do PT, as manifestações contra o impeachment poderão aumentar tendo em vista que, segundo ele, a sociedade está agora vendo com mais claridade o que está ocorrendo. “As manifestações podem crescer em intensidade porque está ficando mais nítido para a sociedade o que representa esse golpe. Confiamos que uma mobilização ainda maior e novas formas de luta popular podem convencer os senadores”, disse.
Falcão disse que, caso o processo de impeachment prospere, o partido irá permanentemente deslegitimar o futuro governo e não permitirá retrocessos. “Nós não podemos permitir que depois de anos de avanço venha um cara sem voto, traidor, retirar direitos que foram conquistados com muita luta nesse país. Não vamos permitir”, disse. “É muito mais do que oposição parlamentar só. É dizer para a população, para a sociedade que, com governo ilegítimo não tem paz, não tem estabilidade, não tem tranquilidade, tem luta.”
Temer e Cunha
O presidente do PT disse que a votação do impeachment na Câmara dos Deputados violou o sentimento democrático na nação e evidenciou que o processo de afastamento da presidenta da República está sendo liderado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e pelo vice-presidente Michel Temer.
"O que aconteceu na Câmara dos Deputados é um golpe contra a democracia, violou todo sentimento democrático da nação e colocou na frente daquele processo um presidente denunciado por vários crimes, réu de vários crimes no STF [Supremo Tribunal Federal] e um vice-presidente que trai seu próprio programa pelo qual foi eleitor e sua companheira de chapa", disse Falcão.
Antecipação das eleições
O presidente do PT disse ainda que o partido não tirou nenhuma conclusão a repeito de uma proposta de antecipação de eleições presidenciais. Segundo Falcão, a sigla irá esperar, inicialmente, a apreciação no Senado Federal do processo de impeachment. Segundo ele, o partido só poderá deliberar sobre o tema caso haja um pedido da própria presidenta da República.
“Qualquer discussão a respeito de encurtamento de mandatos, porque é disso que se trata, não pode ser travada, não pode ter nenhuma deliberação a menos que isso viesse a partir da presidenta da República”, disse.
Novas eleições
Sobre a possibilidade de se convocar novas eleições, o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) disse que seria por meio de uma PEC, mas o processo seria demorado. “A PEC tem que tramitar e ser votada duas vezes em uma casa e na outra, então ela demora. Estou apenas analisando independentemente de concordar ou não com a tese”, disse.
Chinaglia disse que pensou na alternativa de se convocar um plebiscito para consultar a população sobre a convocação de novas eleições. “Acho que aí teria legitimidade. A população brasileira quer ou não novas eleições?”. Segundo ele, o Congresso Nacional não necessariamente representa a vontade popular. “Mas se você faz um plebiscito, aí não tem nenhuma dúvida que, se a população decidir por novas eleições, isso pode e deve acontecer”.
O deputado disse que, com o processo de impeachment chegando ao Senado, o desafio será maior, porque é necessário somente maioria simples para haver abertura do processo. “Na minha opinião, e eu fiz sugestão nesse sentido, nós temos que concentrar trabalho junto aos senadores e com mobilização de rua. Não é para defender o PT, não é para defender o governo, é pela consciência democrática”, disse Chinaglia. O deputado federal avaliou que a estratégia de enfrentamento da oposição agravou a atual crise econômica.
Governo Temer
Rui Falcão teceu críticas a um eventual governo Temer, em caso de afastamento da presidenta Dilma, apesar de apostar em uma reversão do processo do impeachment no Senado. Segundo o presidente do PT, setores da sociedade que apoiam o impeachment agora começam a se “envergonhar” diante das propostas do atual vice-presidente da República e do presidente da Câmara dos Deputados.
“Fala em mexer com os direitos dos trabalhadores, fazer um orçamento a cada ano para discutir se tem recurso para a Saúde, para Bolsa Família, assim por diante. Já anuncia privatizações, o que coloca em risco a Petrobras e o sistema de partilha, para recomeçar com a questão das concessões. Enfim, muito daquilo que foi construído em termos de conquistas e direitos nos últimos 14 anos começa a ser dissolvido, corroído”, disse.
Já o ex-prefeito de Porto Alegre e um dos fundadores do PT, Raul Pont, diz que o rompimento com partidos que apoiaram o impeachment “é uma questão mínima de moralidade, inclusive de respeito com os eleitores”. “Como é que nós podemos [fazer aliança] com um partido [PMDB] que é golpista, com um partido que patrocina um golpe? Com um partido que está no governo, constrói um governo junto conosco durante uma década e patrocina um golpe?”.
(Fonte Agência Brasil)
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