A União Europeia foi fundada com base num projecto estrutural de desenvolvimento equiparado entre os membros do grupo. Isso significa que entre os países da União não poderia existir um fosso abismal de desenvolvimento e, para isso, os Estados mais ricos deveriam ajudar os mais pobres, estes, por sua vez, também devem cumprir com regras que permitam o equilíbrio da sua economia.
A década de 80 foi de autêntico frenesim, os Estados da União Europeia atingiram patamares de desenvolvimento económico e de bem-estar material nunca antes conhecidos na história da humanidade. O apogeu deu-se no final década de 90 com a entrada em vigor da moeda única, o euro, que desde 2002 circula entre os Estado membros. O Euro teve sempre um valor cambial superior ao dólar, pondo em causa a hegemonia económica da única Nação do mundo que é constituída por uma união de Estados, os EUA.
Os países com um produto interno bruto deficitário foram incentivados a produzir, milhões de euros foram canalizados para esses Estados para direcionarem aos sectores que permitissem a complementaridade entre as economias dos países da União. Tal como acontece em todo mundo, os agricultores receberam créditos e em vez de tratores compraram carros de marca Mercedes ou Volvos, os jovens e os casais entraram num espiral de dívidas que os levou a depender dos planos mensais das agências bancárias para sobreviverem.
Os governos gastavam tudo o que tinham na reabilitação e construção de infraestruturas, enfim a sociedade europeia tinha atingido a fase do comunismo, todos gastam o mesmo, ainda que não tenham participado na produção para a geração de riqueza.
A bonança foi sol de pouca dura. Os países que do ponto de vista económico são os motores da União Europeia começaram a retrair-se. O Reino Unido nunca esteve a 100 por cento na União, a França, apesar de estar envolvida diretamente, sempre teve dificuldades em se adaptar, sobretudo no que concerne a segurança da União Europeia que está ligada a OTAN e ao nível da política externa e a Alemanha tem estado a exigir cada vez mais dos Estados que sempre precisaram mais de ajuda do que orientações.
O resultado é que a União Europeia anda a várias velocidades, o bem-estar das populações não é equiparado e a crise está a dar oportunidade dos ricos serem mais ricos, enquanto os pobres estão cada vez mais pobres.
Como consequência as pessoas estão a partir para os extremos. Na França avança a extrema direita, na Alemanha venceu uma maioria da Chanceler, Angela Markel, que mais medidas contra a União tem tomado, inclusive com o aumento o défice fiscal interno, o pode ser considerado um sacrilégio para o Estado actual da União Europeia. Os países periféricos como Portugal e Grécia vão apelando a solidariedade de Bruxelas que tarda a chegar, aliás a Troika só vê economia sem as pessoas, poupanças de uma vida completa atualmente também contam para recuperar as finanças nacionais.