O PMDB de Michel Temer, vice-presidente da República, já calcula o melhor momento para abandonar o barco do governo e aderir ao movimento que pede o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Um líder do partido ouvido pela Folha disse que o PMDB não deve "enforcar o governo", mas deixar "a corda solta para que este mesmo o faça". Os correligionários acredita que a deterioração do cenário econômico aumentará a insatisfação da população com o desempenho de Dilma, que não terá reação. E a proximidade do julgamento das contas do governo Dilma pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em outubro, e o congresso do PMDB, em novembro, são momentos cruciais para a ruptura da aliança. A presidente ainda enfrenta algumas provas de fogo no Congresso, que refletem sua capacidade de governar: a votação dos vetos que impôs a projetos, aprovados na Câmara, que aumentam as despesas do governo; e a discussão sobre o recurso que a oposição quer usar para deflagrar o impeachment de Dilma, também na Câmara. O presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), definirá o rito que seguirá para a votação do recurso, cujo objetivo é autorizar a criação de uma comissão especial para analisar o pedido de impeachment apresentado pelo advogado e fundador do PT, Hélio Bicudo.