A Petrobras pode ter pago até 138 vezes a mais por produtos utilizados em obras e aquisições em todo país, apontou o Tribunal de Contas da União (TCU). Investigações feitas pelo órgão em contratos da estatal nos últimos anos, principalmente envolvendo empresas citadas na Operação Lava Jato, mostram que era “normal” desembolsar mais do que o dobro dos preços de custo. Segundo a Folha de S. Paulo, auditorias no contrato de R$ 3,8 bilhões por uma das plantas da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, mostram indícios de irregularidades supostamente praticadas pelo consórcio formado pelas empresas Camargo Corrêa e Cnec. Normalmente, o TCU apura se houve sobrepreço nos negócios com base em referências do mercado. Contudo, em casos muito específicos, não há como haver algum parâmetro. De acordo com a matéria, após a Lava Jato, o juiz Sergio Moro autorizou o acesso do tribunal às notas fiscais do consórcio. Aí é que estariam as distorções. A Petrobras teria pago R$ 24,3 mil por uma tubulação comprada por R$ 4,3 mil. Já um compressor a diesel (250 PCM) custou R$ 9.684 mensais à estatal enquanto, nas notas do consórcio, aparece com custo de R$ 70 por mês – valor 138 vezes maior. Questionada sobre o caso, a Petrobras informou que não comentará a decisão do TCU. Já o consórcio da Camargo Corrêa e Cnec alegou que o contrato "foi firmado pela modalidade de contratação 'empreitada por preço global' e não 'empreitada por preço unitário'”, e que a análise não deve considerar “itens isolados”. Mesmo assim, as empresas afirmam que vão colaborar com as investigações do órgão.