A procuradora da República Mirela Aguiar abriu o procedimento preliminar para investigar suposto envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em tráfico de influência no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A ideia é apurar se Lula atuou de forma indevida para induzir o BNDES a financiar obras da Odebrecht no exterior. O procedimento tem como base denúncias divulgadas pela imprensa, de acordo com O Globo. A partir do procedimento 'notícia de fato', a procuradora deve decidir em até 30 dias se pede ou não abertura de inquérito sobre o ex-presidente. Segundo a revista Época, Lula fez viagens ao exterior para Cuba, Angola e República Dominicana bancadas pela Odebrecht. A revista diz que a construtora, envolvida na Operação Lava Jato, recebeu financiamentos do BNDES no valor de US$ 4,1 bilhões em países como Gana, República Dominicana, Venezuela e Cuba. Os financiamentos foram concedidos no governo Lula e também na gestão de Dilma Rousseff (PT). À revista, a empreiteira nega as acusações. De acordo com a Época, o BNDES fechou o financiamento de ao menos US$ 1,6 bilhão para a Odebrecht após Lula visitar os presidentes de Gana e da República Dominicana, quando o petista já era ex-presidente. A investigação do Ministério Público foi aberta há uma semana e tem Lula como o principal alvo. O Ministério Público sustenta que pretende investigar se Lula interferiu na liberação dos financiamentos do BNDES. "Considerando que as mencionadas obras são custeadas, em parte, direta ou indiretamente, por recursos do BNDES, caso se comprove que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva também buscou interferir em atos práticos pelo presidente do mencionado banco (Luciano Coutinho), poder-se-á, em tese, configurar o tipo penal do artigo 332 do Código Penal (tráfico de influência)", diz o docmento de abertura da investigação.