A Medida Provisória 471 (MP 471), assinada pelo então presidente Lula (PT) em 2009, teria sido comprada por montadoras de veículos por meio de lobby. A medida esticava de 2011 a 2015 a política de descontos no IPI de carros produzidos nas regiões norte, nordeste e centro-oeste. Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo indicam que a MMC Automotores, subsidiária da Mitsubish no Brasil, e o grupo CAOA, que fabrica veículos Hyunday e revende automóveis Ford, Hyunday e Subaru pagaram até R$ 36 milhões a lobistas para conseguir do Executivo a assinatura da medida provisória. Na época, a Ford tinha uma fábrica na Bahia e a Mitsubish e Caoa, em Goiás. A medida deu incentivos de R$ 1,3 bilhão por ano. De acordo com a coluna Filtro, de Época, o texto precisou passar pelo crivo da presidente Dilma Rousseff (PT) para ser aprovado, quando na época a petista era ministra da Casa Civil. Para conseguir os incentivos fiscais, as montadoras pagaram honorários a um consórcio formado pelos escritórios SGR consultoria empresarial, do advogado José Ricardo da Silva, e ao escritório Marcondes e Mantoni Empreendimentos, do empresário Mauro Marcondes Machado. As mensagens trocadas pelos envolvidos falam sobre propinas pagas a agentes públicos, entre elas de R$ 2,4 milhões ao filho de Lula, Luís Cláudio Lula da Silva, em 2011, para viabilizar a MP. Os emails ainda falam de reuniões com o então ministro Gilberto Carvalho para tratar da norma dias antes de o texto ser aprovado. Uma das mensagens fala que o lobista Mauro Marcondes afirmava ter pagado R$ 4 milhões a agentes "do atual governo, do PT", mas que isso era mentira. A mensagem foi repassada pela secretária executiva da MMC a Marcondes, meia-hora depois de recebida. Nela o remetente dizia que, se o dinheiro não fluísse, poderia expor um dossiê com documentos e gravações que provavam o esquema. Os escritórios foram procurados pelo jornal e confirmaram atuação pela aprovação da MP 471, mas negaram que o processo tenha envolvido lobby ou propina.