Fundador e ex-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral classificou de "tragédia" a fusão do PSB com o PPS e disse que o objetivo da junção das duas legendas é pavimentar o caminho do atual governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, às eleições presidenciais de 2018. O paulista trava uma disputa interna com o correligionário mineiro, o senador Aécio Neves, pela cabeça de chapa do partido. "Na verdade, o PSB de hoje virou um pasto na disputa interna do PSDB às eleições presidenciais de 2018, da ala tucana ligada ao governador Geraldo Alckmin, na tentativa de fortalecê-lo na disputa interna com Aécio Neves", disse Amaral, em entrevista exclusiva ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado. Além de ser uma tragédia, "uma burrice e uma traição ao socialismo", Amaral avalia que a fusão de seu partido com o PPS é compatível com a visão pragmática da nova direção da legenda, que privilegia o crescimento aritmético em detrimento da política. "É lamentável que, em vez de se tornar um desaguadouro dos quadros descontentes da esquerda, o PSB tenha optado por ser um ator secundário da direita", disse, reiterando que a junção das siglas já está sendo arquitetada há muito tempo, com a finalidade de alçar Alckmin à cabeça de chapa do PSDB nas próximas eleições ao Palácio do Planalto. Para o ex-presidente nacional do PSB, infelizmente a fusão das duas siglas já está dada. "A renúncia ao socialismo já foi feita, não é mais o partido de João Mangabeira, Miguel Arraes e Jamil Haddad." Em reunião ocorrida na semana passada, os presidentes dos diretórios estaduais da legenda aprovaram, por maioria, a fusão com o PPS. A oficialização do acordo deverá ser feita no dia 20 de junho, na convenção nacional do PSB, que será realizada em Brasília. Nesse mesmo dia, o PPS também realiza sua convenção para autorizar a união. Com a fusão, a nova legenda será a quarta maior bancada da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, atrás apenas do PMDB, PT e PSDB. Apesar das duras críticas, Amaral disse que ainda não definiu seu futuro partidário e que não pensa, no momento, em deixar o PSB, que ajudou a fundar a sigla. Fontes ligadas à legenda, que também estão descontentes com a fusão com o PPS, informaram ao Broadcast Político que não deverá haver uma decisão individual de desfiliação, mas uma ação coletiva está em estudo. O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), não quis comentar as críticas feitas pelo fundador e ex-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral.