O empresário é apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal como o coordenador do cartel de empreiteiras que pagava propinas a diretores, políticos e partidos em troca de contratos
O empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, se recusou a responder as perguntas dos deputados, nesta terça-feira (15), durante audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, mas admitiu ter feito pagamento de propina para garantir contratos de sua empresa com a estatal.
“Eu não achava justo que a trajetória vitoriosa da UTC fosse interrompida. Denunciar as vantagens indevidas poderia ser danoso à empresa. Cedi aos pedidos e paguei para manter o direito de a minha empresa existir”, disse.
Pessoa compareceu à CPI amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que deu a ele o direito de não responder as perguntas.
Antes de ser interrogado, Pessoa leu um texto em que afirmou ter perdido 15 quilos desde a prisão, em novembro do ano passado, e fez uma defesa da UTC. Ele disse que a empreiteira tinha 30 mil empregados e faturamento de R$ 5 bilhões antes da Operação Lava Jato, números que caíram pela metade, em uma avaliação otimista. “As pessoas que trabalham na UTC não tem responsabilidade sobre os meus atos”, disse.
O empresário é apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF) como o coordenador do cartel de empreiteiras que pagava propinas a diretores, políticos e partidos em troca de contratos.
Políticos e campanhas
A presença dele era uma das mais aguardadas pela CPI em razão da menção que ele teria feito, em depoimentos ainda mantidos em sigilo, a respeito das campanhas da presidente Dilma Rousseff em 2010 e 2014.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, Pessoa disse na Justiça que repassou R$ 3,6 milhões ao PT, dinheiro que teria sido usado na campanha de Dilma Rousseff. O comitê de campanha de Dilma negou a informação.
Em junho, a revista Veja informou que Pessoa teria mencionado 18 políticos como beneficiários de dinheiro desviado da Petrobras.
Pessoa se recusou a responder perguntas sobre as doações. “O senhor confirma que repassou dinheiro ao ex-ministro José Dirceu? Confirma doações a Lula e Dilma em 2010 que tiveram origem em propina da Petrobras? Fez entrega de dinheiro ao Lula?”, perguntou o deputado André Moura (PSC-SE), um dos relatores da CPI da Petrobras.
“Vou permanecer em silêncio”, repetiu Pessoa a cada pergunta.
A mesma pergunta foi feita pelos deputados Izalci (PSDB-DF) e Delegado Waldir (PSDB-GO). As respostas foram as mesmas.
A UTC e a Constran, empresa do grupo do empresário, tinham contratos de mais de R$ 14 bilhões com a Petrobras. Ele é acusado de pagar propina usando contratos de duas empresas de fornecimento de tubos e conexões, a Sanko Sider e a Sanko Serviços.
Fonte Agência Câmara