Mundão
Crítica da imagem eurocêntrica
DO EUROCENTRISMO AO POLICENTRISMO
Tanto Ocidente quanto o Oriente são falácias, criações humanas, invencionices.
Do ponto de vista geográfico o conceito é relativo na medida em que a Árabia Saudita, para a Europa, será classificada como oriental ,enquanto que para a Indonésia, será ocidental. No que se refere a cultura, Israel é ocidental mesmo estando no oriente e a Turquia oriental ainda que tenha parte de seu território no ocidente.
Da mesma forma a America Latina, de quando em quando, é excluída do ocidente e países como o Marrocos,o Egito e Congo são rechaçados como alguma coisa que não se enquadra muito bem nem no ocidente nem no oriente.
O que há em comum entre aqueles que não se situam em nenhum dos dois lados é fato de que eles são países que sofreram um processo de hibridização acompanhado de colonização.
Contudo, isso merece algumas considerações uma vez que o processo de hibridização por si só não explica as arbitrariedades no uso dos conceitos além de encampar o desiquilíbrio de poder que se sustenta por sobre os pilares da dominação econômica,política,militar,cultura e histórica.
A europa sempre propalou o discurso da razão, da pureza, do conhecimento, da tecnologia, da ciência e da liberdade a ponto tal que todos esses conceitos são aceitos como europeus. O que a Europa deixa de lado é a influência herdada da China (imprensa, pólvora ,bússola), a influência semítica e africana na Grécia clássica, a importância da aritmética, dos muçulmanos e até os modelos de caravelas que foram copiados pelos portugueses na construção de seus transportes marítimos no início do mercantilismo.
Não há, portanto, espaço na diversidade do mundo atual para interpretações duais, de mera oposição e de exclusão o que a realidade mostra é a interdependência e interpenetrabilidade de mundos que se sobrepõe de forma instável.
No começo deste texto foi salientada a importância do colonialismo para a formação dos discursos eurocêntricos da atualidade. Neste sentido, foi por via deste período histórico que teve origem as formas modernas de transnacionalismos palimpsésticos, ou seja, o processo que transcende as nações e apaga as culturas locais.
O fenômeno do colonialismo que se estendeu da América à Ásia apresenta duas tipologias básicas que são o domínio ou controle de riquezas à distância como por exemplo o congo Belga e a ocupação através de assentamentos europeus. A amplitude, institucionalidade e universalidade a diferencia da forma européia de controle moderno o que teve por consequências o roubo de territórios, destruição de culturas locais, processo de escravização e a expansão do racismo.
Este texto se propõe à apontar algumas incongruências quanto à classificação de países que sofreram um processo de hibridização.Não sendo, portanto, um todo homogêneo, mas antes uma simultaneidade de raças.
Convém, começar lembrando que a própria Europa é uma amálgama de diversas culturas. Durante o período clássico a influência dos africanos e dos povos semíticos na Grécia, a presença árabe durantes os séculos VIII-IX na porção Ibérica e a permanente presença dos judeus na Europa já na Época Moderna. Esse conjunto de diversidades é um fator de formação da Europa que é constantemente rejeitado por um discurso de poder arrogante.
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