BRICs: emergentes, sim. Reformadores, também.
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BRICs: emergentes, sim. Reformadores, também.


(Texto publicado originalmente no periódico online O EstadoRJ, em setembro de 2009.)

Brasil, Rússia, China e Índia, conhecidos como BRICs, reuniram-se no mês de agosto para discutir a necessidade de se reformar os sistemas tributários dos quatro países que, além de serem mercados emergentes, ainda têm em comum a grande extensão territorial, o tamanho das populações e as desigualdades sociais. O debate sobre as reformas tributárias é apenas mais um tema que evidencia a constituição dos BRICs como novos protagonistas no cenário internacional e, consequentemente, o poder do grupo de determinar a economia mundial nas próximas décadas.

Em entrevista ao site de notícias alemão Deutsche Welle, o economista-chefe do Deutsche Bank, Nobert Walter, afirmou que esses países emergentes possuem realmente potencial para provocar deslocamento de forças no cenário econômico global, o que deverá se acentuar nos próximos anos. Essa tendência, segundo o economista, pode ser observada na rápida recuperação das bolsas de valores de São Paulo, Moscou, Mumbai e Xangai, após a queda em 2008, decorrente da crise financeira internacional. Além disso, a busca de uma saída para essa conjuntura mundial por parte dos BRICs tem por função esclarecer que o grupo projeta sua força e influência, modificando, dessa forma o sistema atual. Prova disso foi o debate, esse ano, a respeito do papel do dólar como moeda de reserva (desempenhado desde a Segunda Guerra Mundial) e sua possível substituição.

Juntos, Brasil, Rússia, China e Índia respondem por 15% da economia internacional e detêm mais de 40% das reservas de divisas mundiais, o equivalente a quase três trilhões de dólares. Brasil e Rússia destacam-se, primeiramente, como grandes exportadores de recursos naturais. O primeiro, na agropecuária, o segundo, com hidrocarbonetos. A China consolida-se no setor industrial e a Índia cresce como nas áreas de tecnologia e de serviços. Um relatório feito pelo grupo financeiro Goldman Sachs constata que os BRICs tendem a superar, em termos de Produto Interno Bruto (PIB), as economias do G7, o grupo das sete nações mais ricas do mundo, o que implicaria rápidas mudanças no cenário internacional, tanto políticas quanto econômicas. Assim, pode-se constatar a capacidade dos mercados emergentes, que não devem mesnosprezados.

Françoise Nicolas, economista do Instituto Francês de Relações Internacionais, presume que, até 2020, o sistema global observará a ascensão de superpotências pobres com mais peso econômico, mas desniveladas em relação aos países ricos. Possivelmente, os BRICs continuarão a ser tratados como emergentes inaptos a cumprir exigências em certos assuntos, como meio ambiente, apesar de terem maior poder de decisão política e econômica. Além disso, pessimistas afirmam que esses Estados deverão se destacar no ranking mundial devido a seus PIBs, embora os valores não sejam suficientes para melhorar o padrão de vida das populações.

Em que pese previsões pessimistas a respeito dos BRICs, observamos, atualmente, a atuação inédita de países pobres com grande peso econômico internacional e com capacidade de persuadir politicamente seus pares. Pode-se dizer, assim, que a importância desses Estados definirá as metas do século XXI, tanto sociais e ambientais quanto político-econômicas, desmontando o sistema de Bretton Woods (1944), responsável pelo sistema financeiro atual no qual se destacam as grandes economias emergidas no pós-Segunda Guerra Mundial, como Estados Unidos e países europeus, por exemplo.


Alessandra Baldner



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