Mundão
Bastidores do "movimento estudantil": desabafo de uma leitora.
Ainda sobre as reações ao meu artigo na Zero Hora sobre a truculência de certos manifestantes pró-cotas na UFRGS, recebi o seguinte comentário aqui no blog:
Olá, Marcel. Li seu artigo no jornal ZH de hoje. Parabéns pelo texto. Também frequentei universidade pública, estive próxima de movimentos estudantis (diretório acadêmico de curso) e sei do que você fala. O DCE em minha época era uma alternância entre integrantes do PT e, de outro lado, membros do PSTU, PC do B, e afins. As medidas mais antidemocráticas eram tomadas em nome do "bem". Não havia assembleia, o que acontecia era um ritual que somente aqueles que já conheciam a linguagem e os métodos que ali se impunham tinham condições de se manifestar. Esses encontros eram longos e tinham em vista "matar no cansaço" os oponentes e somente iniciar a votação quando a "panela" de sempre estivesse em maioria para aprovar o que queriam. O clima em momentos de reivindicação ou greve eram de violência e truculência, com apoio de políticos de destaque dos partidos de esquerda. Conto estas histórias para várias pessoas e elas não acreditam. Gostei de ler teu texto e o tive como um desabafo meu também. Continue pensando. Abraços, Vera
Concordo com a leitora. É exatamente isso o que ocorre nas universidades brasileiras no dito "movimento estudantil". Na USP, até o direito de fumar sua maconhazinha no campus universitário sem a presença da polícia foi recentemente invocado pelos militantes-estudantes - para desespero do estudante sério, que quer segurança no local onde estuda.
Eu me surpreendo com a falta de conhecimento de grande parte dos próprios estudantes sobre o que ocorre nesses meios. Mas, logo, lembro-me: a maioria dos estudantes na Universidade quer se focar em seus estudos e se formar o quanto antes. Algo que, definitivamente e infelizmente, não combina com participar de "movimento estudantil" no Brasil. Logo, para que perder tempo com isso? Melhor guardar distância...
O texto publicado em Zero Hora, contudo, está gerando uma repercussão que, a meu ver, demonstra um interesse maior das pessoas pelo assunto. Em 24 horas, a foto do artigo no meu perfil foi compartilhada mais de 50 vezes e teve mais de 100 curtir. Se ao menos aqueles que sabem o que acontece no meio sentirem que estão parando de "falar com as paredes" e perceberem que a mensagem está chegando ao grande público, aos poucos relatos como o de Vera serão apenas parte da triste história de um movimento estudantil anacrônico e que de estudantil nunca teve nada.
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