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Depois de uma década de 90 francamente liberal, a América Latina flertou perigosamente com teses ideológicas na década seguinte. Felizmente, o final da década mostrou que os exemplos deveras à esquerda não se mostraram as melhores opções. Os países que decidiram passar por um caminho de reformas hoje ganham os louros por as ter seguido. Didaticamente, vale separar a América Latina em três conjuntos.

Um primeiro, como não podia deixar de ser, está o Brasil, unicamente. Antigamente, a Argentina servia de farol para as políticas econômicas das demais regiões. Foi assim até a década de 90, quando o país em geral fazia experimentos extremos de política econômica, que eram seguidos de forma mais suave pelo Brasil. A década passada mostrou um descolamento claro nessa trajetória. A estabilidade econômica continuou sendo perseguida no Brasil, enquanto a Argentina seguiu por caminhos mais turbulentos. Muito por isso o Brasil hoje se tornou o farol de política econômica da América Latina, excluindo o México, cuja ligação mais forte com os EUA coloca outros objetivos na condução econômica.
O interessante é que os outros dois grupos de certa forma tentam seguir o exemplo do Brasil, mas também de forma extremada. Num grupo, temos Argentina, Equador, Bolívia e Venezuela. Estes países têm feito políticas sociais intensas, mas sem se preocupar efetivamente em ter equilíbrio macroeconômico. A Bolívia tenta ser uma exceção, mas a divisão política ainda é grande no país e as medidas iniciais contra o setor privado ainda são uma mácula na administração de Evo Morales. Nos outros países, medidas populistas tem levado ou a inflação fora de controle, como no caso de Argentina e Venezuela, ou instabilidade política, como no Equador.
O outro grupo segue os caminhos do Brasil da década de 90. Neste grupo estão principalmente Colômbia, Perú e Uruguai. O caso colombiano talvez seja o caso mais interessante do continente nos últimos anos. Além de ter conseguido diminuir a presença do narcotráfico, tem logrado reformas econômicas importantes e um novo presidente com índice de popularidade ainda maior do que Lula teve no Brasil. O interessante é que as reformas de política fiscal buscam um ajuste permanente dos gastos e receitas públicas, como a venda de 10% da Ecopetrol para financiar projetos de investimento e diminuição de tarifas sobre energia. Essas medidas têm sido aprovadas pelo Congresso e deverão levar o país a receber o investment grade nos próximos anos. O Perú também passou a seguir medidas mais amigáveis ao mercado e, com isso, tem conseguido marcas expressivas de crescimento econômico. A eleição presidencial deste ano não parece assustar o mercado, pois os candidatos seguem a mesma linha reformista do atual presidente Alan Garcia. Por fim, a administração uruguaia de José Mujica tem sido a mais parecida com Lula, com controle macroeconômico, políticas sociais e mais Estado na economia.
E o Chile? Continua sendo o grande farol reformista de toda a América Latina e não à toa é o mais bem-sucedido de todos.
Esse artigo foi pubicado no Jornal Brasil Econômico.
Sergio Vale é economista-chefe da MB associados.



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